fazer-se passar por policial, pedir para entrar? Não, isso poderia degenerar rápido
em briga, antes que tivesse tempo de abater o velho. Poderia quebrar alguma coisa
na casa. Viu que a porta se fechava. Olhou para a outra ponta da fachada. O velho
estava no jardim, com o guarda-chuva na mão. Trancou a porta e foi até o carro, na
entrada de veículos. Abriu o carro, fechou o guarda-chuva e embarcou.
- Aonde você vai, velho? – sussurrou Marcus quando o carro saiu de ré. Por um
instante, Hans Peter Rosenkjær ficou parado na rua, como se tivesse esquecido o
que pretendia fazer. Depois meteu a primeira marcha e saiu em sentido contrário à
ambulância e às radiopatrulhas. Marcus saiu atrás dele, ao mesmo tempo que
repassava as diferentes possibilidades. O velho ia visitar alguém. A TV2 News ainda
não tinha chegado. A notícia ainda não havia saído; Hans Peter continuava sem ter
nenhum motivo para contar que, de manhã, tinha visto um homem de terno na
floresta, um homem que tinha chamado o cachorro. No fim das contas, as coisas
talvez não estivessem tão mal quanto Marcus temera. Podia esconder-se na casa e
esperar até o velho voltar. Acabar com ele de noite, com o travesseiro, tal como
tinha resolvido fazer de início. Ainda via o carro, mas também viu outra coisa – o
furgão preto. David lhe fez sinal acendendo e apagando os faróis. Marcus correu até
ele, e abriu a porta, num átimo. - Siga aquele carro.
- O quê?
Marcus levantou a voz, coisa que quase nunca fazia: - Vamos! Não podemos perdê-lo.