- Mas você sabe guardar segredo, não sabe? – perguntou Kamilla. – Quer saber o
que estão discutindo?
A porta se abriu. Anna saiu e se surpreendeu ao dar com Eva, que se apressou a
dizer: - A Sally me disse para subir e falar com o Torben.
- É a Eva?! – gritou Torben do escritório. – Nossa nova amiga da cozinha!
Vamos lá, entre!
Eva entrou. Tanto Anna como Kamilla olharam para ela. Torben se levantou de
imediato. Era quase duas cabeças mais alto que Eva. - Ah, Eva!
- Isso. – Ela sorriu e lhe estendeu a mão.
Torben mostrou uma dentição que trazia escrita a palavra “fumante”. Ele usava
uma camisa jeans fora de moda, por cima da camiseta branca amarrotada e do
pingente no pescoço, provavelmente o osso de algum animal exótico. - Entre e sente-se – disse Torben, e fechou a porta atrás de si.
- Obrigada.
Eva sentou na única cadeira além daquela junto à escrivaninha. Era uma peça, já
bem desconjuntada, de design de Arne Jacobsen. A lata de lixo berrava para que a
esvaziassem. No chão, havia uma sacola esportiva, da qual parecia despontar uma
raquete de badminton. - Infelizmente, não pude estar aqui ontem para dar as boas-vindas. – Ele sorriu e
coçou a cabeça. Varreu com o olhar a escrivaninha entulhada de xícaras de café,
pastas, fichários, pilhas de documentos. Havia também uma garrafa de água mineral
com gás pela metade. Ouvia-se o zunido suave do computador. - A prefeitura – explicou Torben – me convocou para um curso sobre como
devemos vigiar o consumo de bebida alcoólica nos lares. – Balançou negativamente
a cabeça. – Querem que a gente cheire o hálito dos pais de manhã, que preste
atenção em olho vermelho e nariz roxo. – Esboçou um sorriso sarcástico e se
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1