desde então o número dobrou.
- No mínimo – disse Trane.
- Então digamos que sejam trinta mil lobistas. Deve dar uns cinco mil grupos de
interesse, mais ou menos o mesmo número em cada país do continente. Aqui na
Europa, daria para povoar um país de tamanho médio só com essa gente toda.
Então, por que o jornalista foi se interessar justamente por nós? - Não sei.
- OK. Venha me informar logo que tiver algumas respostas. Mais alguma coisa?
Havia muito mais coisas, ele via naqueles olhares e corpos inquietos. Por que Brix
tinha tirado a própria vida? Teria sido mesmo por causa do divórcio? O que tinha
acontecido nos bastidores? O que Marcus sabia e eles não? - Vamos nos reunir de novo no fim do dia – disse Marcus. As cadeiras se
afastaram da mesa com um sincronismo quase militar. - David, você pode ficar mais um pouquinho?
A porta se fechou. Estavam a sós. - Não dá para você mudar essa cara? – perguntou Marcus. – Está parecendo
muito preocupado. Não há como os outros não perceberem. - Dois homicídios, na mesma região. Você não acha que a polícia...?
- Foi um suicídio e um afogamento – disse Marcus, interrompendo. – Todo dia,
enterram umas cento e cinquenta pessoas na Dinamarca. Um terço disso, numa
terça-feira como ontem, é na região metropolitana. O homem da foice anda bem
ocupado, David. A polícia também. Como é que vão relacionar as duas mortes?
Que tal se você deixar de ter medo durante alguns minutos e tentar pensar com
clareza? Preciso de você. Preciso do verdadeiro David. O que você descobriu sobre
esse Juncker?
David lhe entregou uma pasta: Juncker, ex-diretor do Departamento de
Repressão às Fraudes, era pai de três filhos, todos empregados no setor público. - A coisa se complica – disse Marcus.