você quer saber a minha opinião, tudo isso, parece, porque a mãe do Malte trabalha
para a princesa consorte e, assim, é mais importante que os outros pais.
Torben, visivelmente, enfureceu-se. Lutava para reprimir a raiva, mas as manchas
vermelhas no pescoço e a dificuldade para manter as mãos quietas o denunciavam.
“A princesa consorte”, pensou Eva. Talvez por isso tinha a impressão de já ter
visto a mãe de Malte, numa revista ou talvez na TV, ao lado da mulher do príncipe
herdeiro.
- Escute aqui, Kamilla – disse Torben, ainda que tenha se arrependido de
imediato. – Não, escutem todos, porque para mim é importantíssimo que
entendam o que vou dizer. Na época das Festas, vai fazer doze anos que sou diretor
desta creche. Passei toda a minha vida adulta trabalhando com crianças...
Kamilla o interrompeu: - Com pequenos.
- Isso, sorry – disse Torben, irritado, e continuou. – No mais profundo do meu
DNA, nos genes desta instituição, está uma verdade indiscutível: nós... ou melhor,
eu... eu não faço distinção entre os pequenos. Todos são iguais para mim, todos
devem ter as mesmas oportunidades, todos devem receber nossa ajuda quando têm
problemas. - Muito bem. Então não entendo por que não nos esmeramos mais no caso da
Laura. – Kamilla deu uma encolhida resignada de ombros e olhou para o grupo.
Estabeleceu contato visual com um dos presentes e até obteve um gesto de
aprovação.
Torben preferiu ignorar aquilo e retomou o discurso. - Não estou dizendo que sejamos infalíveis. Assim, de bate-pronto, não sei
determinar se agimos corretamente em situações parecidas que possam ter ocorrido
antes. Mas, no caso do Malte, estamos falando de um tio que, segundo a mãe, era
muito ligado ao menino e, por isso... - E você acha que a Laura não era muito ligada ao pai? Vamos, estou