História em Foco - Edição 09 (2019-08)

(Antfer) #1
a Bíblia foi passada – na Judeia, Galileia e
Samária, essa era a versão mais popular dois
séculos depois. Nesse período, aconteceu o
nascimento do grande personagem do Cris-
tianismo. Jesus Cristo deixou um legado
incontestável para o mundo, a maior religião
que existe até hoje. E, desde o seu princípio,
houve barreiras para o crescimento do
Cristianismo, como a perseguição romana.
O grande império entrava em conflito
com os preceitos cristãos porque esses não
cultuavam o soberano de Roma, mas, sim,
Jesus. Foi nessa época de dificuldades, antes
de tornar-se religião oficial, que as histórias
do filho de Deus foram escritas em ara-
maico e em coiné (uma linguagem própria
do povo grego menos favorecido). Esta é a
origem do evangelho, narrativas acerca dos
milagres de Cristo. Muitos evangelhos se
perderam e outros foram copiados à mão.
Quando houve a reunião de tais escritos,
muitas modificações já haviam sido feitas.

Primeira edição
O primeiro livro da
história impresso
pela prensa de
Gutenberg foi a
Bíblia – na remessa
inaugural foram
produzidos 135
exemplares em
papel e 45 em velino
(material feito de
pele de animais).
Ainda existem 48
volumes expostos
por museus do
mundo todo.


Foto:

Wikimedia Commons

a mais popular
Com a expansão do Cristianismo pelo Im-
pério Romano, fez-se necessária a tradução
da Bíblia para uma língua mais conhecida
entre esse povo, uma vez que o hebraico
e o grego não eram compreendidos pela
maioria. Assim, as sagradas escrituras foram
traduzidas para o latim. “A Vulgata é, hoje, a
Bíblia oficial da Igreja Católica Apostólica
Romana. Foi uma tradução do Antigo Tes-
tamento a partir do original (que Jerônimo,
otradutor, chamava de veritas hebraica ou
‘verdade hebraica’) e uma revisão do Novo
Testamento em existência”, explica Vilson
Scholz.
A tradução foi feita a pedido de Dâmaso,
o bispo de Roma, e não teve como base o
texto traduzido para o grego, mas o hebraico.
O Novo Testamento exigiu apenas uma
revisão, mas o Velho Testamento demorou
mais. Jerônimo mudou-se para Belém com
o objetivo de aprender a linguagem original
dessa parte da Bíblia. Dezessete anos se
passaram até o dia em que, finalmente, a
tradução foi concluída.
Vulgata é um termo derivado de vulgata
versio, que quer dizer “versão de divulgação
para o povo”. Entretanto, o trabalho árduo
de Jerônimo não foi reconhecido com facili-
dade, uma vez que existiam outras traduções
feitas a partir do grego, como as em línguas
latinas, conhecidas como Vetus Latin. “É
claro que o texto latino resultante era, em
muitos lugares, bem diferente dos textos que
se conhecia. Por quê? Porque a Septuaginta
(em grego) é uma tradução desigual, com
altos e baixos. Em certos lugares, segue o
original hebraico bem de perto; em outros,
parece um eco distante”, analisa Vilson.
Muitos trechos da versão de Jerônimo
acabaram divergindo daqueles que as pes-
soas conheciam. Pode-se dizer que, naquele
momento, surgiu a discussão acerca dos erros
de tradução bíblicos. “A rigor, a tradução de
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