Leitura & Conhecimento - Ano 2 Número 05 (2019-07)

(Antfer) #1
biografia
No dia 6 de maio de 1856, a pequena cidade de Frei-
berga, localizada na região da Morávia, tornou-se o berço
do pai da psicanálise. Atualmente, com a dissolução da
Tchecoslováquia em 1993, o território faz parte da Repú-
blica Tcheca. Nas referências ao especialista, o comum é
definir a sua nacionalidade como austríaca, e isso se deve
ao fato que o local onde nasceu, na época, fazia parte do
domínio do Império Austríaco, que durou até 1867.
Primeiro de oito filhos do terceiro casamento de seu
pai, Jacob Freud, veio ao mundo quando o mercador de lã
já havia completado 42 primaveras e sua esposa, Amalia
Nathansohn, 22. Além do casal, o garoto morava com
outros dois irmãos por parte de pai em um quarto alugado.
Conforme o próprio Sigmund conta no livro intitulado
An Autobiographical Study (Um Estudo Autobiográfico),
publicado pela primeira vez em outubro de 1935, sua
família era judia e ele também seguia a religião, o que
fez com que tivesse contato muito cedo com as histórias
bíblicas, até mesmo antes de aprender a ler e, mais tarde,
fosse perseguido pelo regime nazista.
Aos quatro anos, mudou-se para Viena, capital da
Áustria, onde recebeu a maior parte de sua educação.
Desde criança, demonstrava disposição para os estudos
e um bom desempenho acadêmico, interessando-se por
diversas áreas do saber, inclusive direito e política.
“Apesar de vivermos em condições limitadas, meu pai
insistia que, na escolha da minha profissão, eu deveria
seguir minhas próprias inclinações. Nem na época, nem
mais tarde na minha vida, senti qualquer predileção
particular pela carreira de médico. Eu fui motivado, na
verdade, por uma espécie de curiosidade, que, no entanto,
era mais voltada para as preocupações humanas do que
para os objetos naturais”, conta em sua obra.
Aos 17 anos de idade, em 1873, ingressou na Univer-
sidade de Viena para cursar medicina. Além das teorias
do naturalista britânico Charles Darwin, “foi fortemente
influenciado para tal escolha pela leitura da obra do alemão
Johann Goethe, A Natureza, sobre botânica e química”,
conforme ressalta Júlia Bárány.

Primeiras relações com a mente
Quando concluiu a graduação, em 1881, não conseguiu
seguir carreira como pesquisador – seu maior objetivo –, devido
à restrição de vagas aos judeus e sua limitações financeiras.
Freud relatou em sua autobiografia o desapontamento por
ter encontrado na universidade um ambiente no qual era
esperado dele uma atitude de inferioridade, por conta de sua
religião, a qual afirmou não adotar. Mesmo assim, dedicou-
-se à prática clínica e ao estudo de fisiologia e, quando era
médico-residente do Hospital Geral de Viena, anatomia.
Devido à familiaridade com análises que envolviam o
sistema nervoso central, Freud se especializou em neuro-
logia, com enfoque no tratamento de doenças nervosas – a
área ainda era pouco desenvolvida e incluía técnicas como
eletrochoque. Durante sua experiência em uma clínica
infantil, notabilizou-se pela descoberta de um tipo de
paralisia cerebral.
De acordo com Júlia, o ano de 1884 foi marcante para
sua carreira por conhecer o trabalho sobre histeria do mé-
dico austríaco Josef Breuer. Outra influência importante
sobre o mesmo tema e responsável por apresentar Freud à
hipnose foi o neurologista francês Jean-Martin Charcot.
Foi ele quem introduziu ao austríaco a ideia de que muitas
doenças sem motivos fisiológicos eram originadas na psi-
que. Ademais, citou a existência de uma “segunda mente”,
teoria que Freud desenvolveu e, mais tarde, chamou de
inconsciente (saiba mais a partir da página 10).
Todavia, “o passo decisivo e original para o desenvolvi-
mento da psicanálise se deu quando abandonou a hipnose
e passou a usar as livres associações. Esse método lhe
possibilitou penetrar o inconsciente”, conforme explica
Bárány. O especialista acreditava que a melhor maneira
de tratar seus pacientes envolvia a noção de eles realmente
saberem o que estavam dizendo; enquanto se aproximava
cada vez mais da psicologia, Sigmund deixou a hipnose e
buscou seu sistema próprio.
Em assuntos pessoais, em 1886, ao mesmo tempo em
que sua vida profissional teve grandes movimentações,
casou-se com Martha Bernays, com quem teve seis filhos
entre os anos de 1887 e 1895.

“freud é uma fonte inesgotável de conhecimento sobre a
alma humana. Sempre foi e será inspiração para estudiosos do

desenvolvimento psicológico e da saúde mental como um todo”
Gisele Gomes, psicanalista

Imagem: Photocolorization/Wikimedia Commons

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