Ensino Superior 21
mentes se tornam obcecadas com questões de
segurança e violência. Nesses casos, o trabalho
a ser feito é criar uma mente livre. Esse deve
ser o verdadeiro ponto de partida da educação.
Imagine um fazendeiro que queira iniciar uma
plantação. A primeira coisa que ele precisa fazer
é tornar o solo fértil, pois, do contrário, todo o
trabalho que vier depois – a semente, a água –
será em vão. A educação, contudo, não faz isso.
Ela não prepara a mente dos alunos e, muitas
vezes, trabalha em solo estéril.
Como você chegou a essa abordagem?
Eu estava na universidade, estudando
ciências atuariais, e sofria porque estava sempre
exausto. Por mais que eu estudasse, eu também
não conseguia entender nada. Foi assim que
eu perdi o terceiro ano da faculdade. Nessa
mesma época, minha mãe foi diagnosticada
com câncer de fígado. Ela chegou em casa
um dia e falou para os seus cinco fi lhos que,
segundo o médico, ela viveria apenas mais três
meses. Porém, sendo muito corajosa, minha
mãe não aceitou o diagnóstico e foi buscar
ajuda. Encontrou a meditação transcendental
e, graças a isso, está viva até hoje. Ela recebeu
o diagnóstico com 50 anos, aproximadamente,
e hoje está com 83 anos. Foi ela
quem me incentivou a adotar
um novo estilo de vida e, desde
então, tudo mudou. Em pouco
tempo, eu que não conseguia me
concentrar por sequer 10 minutos,
passei a trabalhar 15 horas por dia
com grande concentração. Minha
mente acordou. Terminei os
estudos como o melhor aluno da universidade,
apesar de um professor ter dito que eu jamais
conseguiria ser um atuário. Eu me qualifi quei
em dois anos, o que nunca tinha acontecido
antes na universidade. Passei em todos os
exames internacionais. Aquele meu professor
não acreditava. Foi quando eu comecei a me
apaixonar por essa abordagem educacional e foi
por isso que eu fi quei no meu país, apesar do
convite para trabalhar nos Estados Unidos. Eu
pensei em todas as crianças que, como eu, estavam
perdidas, e que não seriam salvas pela educação.
Na melhor das hipóteses, elas conseguiriam
um pedaço de papel ao fi nal do curso. Porém,
passariam a resto de suas vidas odiando outras
pessoas, julgando outras pessoas, vivendo em
uma pequena caixa. Você conhece aquela música
do Bob Marley, Redemption song? Ela diz que
precisamos nos emancipar da escravidão mental.
Ninguém, senão nós próprios, pode libertar as
nossas mentes. Esse deveria ser o objetivo da
educação, nos emancipar da escravidão mental,
porque estamos criando pessoas com mentes
subdesenvolvidas. Mas, quando não há essas
amarras, podemos transformar qualquer um, até
um viciado em drogas, em alguém tão grande
quanto Richard Branson ou Bill Gates.
É por isso então que você diz que pretende
transformar o sistema educacional?
Sim. Aos poucos, queremos mudar o
pensamento das pessoas sobre o que realmente
deveria merecer o nome de educação. Se no
Brasil as pessoas estrão destruindo as fl orestas,
isso acontece porque elas estão
pensando de maneira restrita, ou
seja, no dinheiro imediato que vão
receber. Não entra na conta a perda
irreparável da biodiversidade.
Esse problema é um problema
de desenvolvimento humano.
Desenvolvam seu pessoal,
desenvolva seu pensamento, sua
visão, sua expansão, sua consciência. Vocês
podem mudar o Brasil. Nosso trabalho não é
fácil, mas estamos provando que é possível.
Nós estamos dizendo: você está pensando em
uma caixinha. Abra a caixa. Apenas abra a caixa
porque essa caixa não é a vida, não é o que o
país precisa, não é o que o mundo deve ser.
Podemos
transformar
qualquer um,
até um viciado
em drogas, em
Richard Branson
ou Bill Gates