Grandes Ditadores da História - Hitler & Stalin - Edição 01 (2019-08)

(Antfer) #1

C


om a abdicação do czar, um governo provi-
sório passou a controlar o país. Mas, de fato,
ele não conseguia fazer valer sua vontade sem
que tivesse o apoio do Soviete de Petersbur-
go, o Conselho dos Deputados Operários e Soldados.
Enquanto isso, o novo governo dava anistia geral a presos
para juntar homens para a guerra. Stalin foi convocado,
mas seu problema no braço não permitiu que fosse envia-
do. Em março, quando voltou a Petersburgo, reassumiu
seu cargo de editor do “Pravda” e, por quase um mês – até
a chegada de Lênin da Suíça –, dirigiu o partido.
A partir de abril, quando do encontro bolchevique
em Petersburgo, ficou evidente o descompasso do gru-
po com o governo provisório. A chegada de Lênin trou-
xe o slogan que marcaria a luta revolucionária até ou-
tubro – “Todo o Poder aos Sovietes!”. Como já dito, a
ideia bolchevique não era implantar o socialismo e a di-
tadura do proletariado na Rússia, mas fazer uma revolu-
ção democrático-burguesa que instigasse a Europa à Re-
volução socialista. Os bolcheviques viam a revolução na
Rússia como uma faísca para a Revolução mundial so-
cialista. Daí as desavenças com os mencheviques de Ke-
renski, que assumiu o governo provisório, quando estes
passaram a não levar um programa revolucionário dese-
jado adiante.
A posição dos bolcheviques bateu de frente com o
governo quando se pronunciaram novamente a favor de
um cessar-fogo e a saída do país da guerra. O governo
respondeu com a organização e o ataque contra a Ale-
manha, em junho, empreitada que se mostrou suicida
e gerou descontentamento geral. Marinheiros da base
de Kronstadt rebelaram-se e marcharam para a capital.
O governo renunciou, mas em pouco tempo estava re-
composto, só que os sovietes ocupavam maior espaço em
sua composição. Em compensação, a reação aos bolche-
viques foi violenta – prenderam diversos de seus líde-
res, inclusive o recém-convertido Trotski – e o VI Con-
gresso do partido, em fins de julho, acabou acontecendo
na clandestinidade. Lênin teve de fugir para a Finlândia,
mas, antes, se escondeu na casa de um velho amigo de
Stalin, Sergo Alliluiev, que viria a ser sogro de Stalin no
ano seguinte. O futuro ditador, que não gozava de po-
pularidade e era praticamente um anônimo do partido,
ficou novamente com o papel de dirigente dos bolchevi-
ques com a ausência de Lênin em Petrogrado.

A DECISÃO POR UMA
NOVA INSURREIÇÃO
A ideia de uma nova revolução, embora no ar, não era
aspirada diretamente por Lênin, pois os bolcheviques
não eram maioria nos sovietes, e sua pregação era exa-
tamente a favor do poder aos sovietes. Mas, aos poucos,
a situação convergiria a seu favor, com massas de ope-

Stalin, como fora sua


característica até aquele


momento, trabalhava nos


bastidores. Ao lado de


Lênin e Trotski, arquitetou


a Revolução de Outubro


(novembro pelo calendário


ocidental). Com o primeiro ainda


no exterior, ficou a cargo


de Stalin a ligação entre seu


líder e o partido, enquanto


Trotski militava no Soviete


de Petersburgo. Em 15 de


setembro, Stalin recebeu duas


cartas de Lênin que foram


apresentadas ao Comitê Central.


Elas continham as seguintes


orientações: “Os bolcheviques


devem tomar o poder” e


“Marxismo e insurreição”


rários sendo convertidas ao bolchevismo e os apoiando
cada vez mais. Em setembro, deu-se o evento que seria
fatal ao governo provisório: o comandante supremo das
Forças Armadas da Rússia, Kornilov, preparou um golpe
para depor o governo e instalar-se no poder. Informados
que Kornilov estava a caminho de Petrogado, os homens
do governo mandaram soltar Trotski e armaram os so-
vietes para a defesa da cidade.
O que estava em jogo era a própria Revolução, pois
o golpe de Kornilov era o início do movimento contra-
revolucionário – contra o governo e contra os bolchevi-
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