Grandes Ditadores da História - Hitler & Stalin - Edição 01 (2019-08)

(Antfer) #1

Sem procurar se


defender,


Hitler assumiu toda a


responsabilidade pela malograda


conspiração, mas – e


aí residiu a perspicácia da


sua defesa – afirmou


num de seus discursos


incendiários


que tentara salvar


a Alemanha e, portanto,


tinha agido como patriota,


e não como traidor


quando algo inesperado aconteceu.
De repente, o salão foi invadido por
cerca de mil homens da SA. Uma me-
tralhadora pesada foi introduzida no re-
cinto e postada num ponto estratégico,
ameaçando a atônita plateia. Em segui-
da, de forma um tanto teatral, Hitler en-
trou, de pistola na mão, vestido de negro
e escoltado por dois membros da SA –
com suásticas estampadas nos unifor-
mes. Em meio ao tumulto, o líder da liga
dos partidos de extrema direita dispa-
rou sua pistola para o ar, atraindo a aten-
ção para si. Hermann Göring, o líder da
SA, tomou a palavra e aconselhou os
presentes a continuar bebendo calma-
mente sua cerveja. Von Kahr e seus alia-
dos mais próximos foram convidados a
participar de uma reunião com Hitler e
Ludendorff, que chegou à cervejaria de-
pois que a situação havia sido controla-
da, numa sala reservada.
De acordo com o ferrenho oposi-
tor do nazismo Hans Bernd Gisevius
(1904 – 1974), autor da importante
obra Bis zum Bitteren Ende, (“Até o Amargo Fim”), em que
retrata sua luta anti-nazista, Adolf Hitler conduziu a ne-
gociação de arma em punho. Disse que Von Kahr deveria
fazer parte do levante e “ocupar lugar designado (no novo
governo) segundo os acordos precedentes”. No entanto, a
revolução de Hitler foi improvisada. O próprio Luden-
dorff não estava de acordo com a forma de agir do futu-
ro Führer – absolutamente emocional e praticamente sem
nenhum planejamento.
Apesar de a SA ter tomado pontos nevrálgicos de Muni-
que e alguns quartéis, sem o apoio das tropas da cidade, con-
troladas por Von Kahr, a Liga de Batalha não conseguiu do-
minar a capital da Baviera. Depois de tranquilizar a influente
plateia da cervejaria, Adolf deixou o lugar sob o comando de
Ludendorff e foi ter com suas tropas. Quando voltou, po-
rém, Von Kahr e seus aliados tinham debandado. Luden-
dorff os havia libertado mediante a promessa de que não in-
terfeririam. Mas, longe da ameaça de Hitler, Von Kahr se
apressou em telegrafar informando o governo central sobre
o golpe – e Weimar abafou o levante imediatamente.
Na manhã de 9 de novembro, numa tentativa desespe-
rada de reverter a situação, Hitler, Ludendorff e cerca de
dois mil homens da SA saíram em marcha pelas ruas de
Munique. A ideia – semelhante ao que ocorrera aos “De-
zoito do Forte”, os tenentes que, em 1918, tomaram o For-
te de Copacabana, no Rio de Janeiro – era de que os cida-
dãos iriam aderir à caminhada, numa demonstração que

Cavalaria armada nas ruas de Munique, em novembro de
1923


AFP/ Roger Viollet
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