Manual de Cardiologia - Pedro Ivo de Marqui Moraes

(Antfer) #1





O diagnóstico de rejeição aguda é feito por meio de cintilografia miocárdica,
ressonância magnética e biopsia endomiocárdica (considerada padrão-ouro).
Diagnósticos diferenciais incluem lesão isquêmica, efeito Quilty (diagnóstico histológico
com infiltrado inflamatório sem significado atual de rejeição aguda), infecção e
neoplasia linfoide.
Entretanto, é a doença vascular do enxerto a principal complicação tardia,
responsável pela grande maioria dos óbitos no primeiro ano. Devem-se tratar
rigorosamente os fatores de risco para aterosclerose como meio de prevenção dessa
entidade. Merece atenção o cuidado no uso concomitante de estatinas com inibidores
da calcineurina pelo risco de rabdomiólise, devendo-se, portanto, utilizar a menor dose
possível da estatina.
Por outro lado, o diltiazem é útil tanto para redução da hiperplasia miointimal quanto
para o aumento do nível sérico dos inibidores da calcineurina, possibilitando a redução
da dose deste. Além disso, é útil para controle de frequência cardíaca (FC) pós-
transplante. O ácido acetilsalicílico e os inibidores da enzima conversa de angiotensina
(IECA) também estão indicados à prevenção da doença vascular do enxerto.
A pesquisa de doença vascular no enxerto pode ser feita, no acompanhamento pós-
transplante, com ecocardiograma com dobutamina e/ou angiotomografia de coronária,
anualmente. O teste ergométrico tem baixa acurácia para auxílio diagnóstico dessa
condição, pois há falha em atingir FC adequada e os pacientes raramente apresentam
sintomatologia clássica de angina. O procedimento invasivo fica reservado aos
pacientes com maior risco, objetivando intervenção ou mudança terapêutica
(angioplastia percutânea, revascularização miocárdica ou retransplante). É necessário
também monitorar periodicamente níveis séricos de imunossupressores.
Outras complicações do pós-transplante merecem conhecimento e atenção:
Infecciosas: toxoplasmose, citomegalovírus, pneumocistose e infecções do local
cirúrgico. A atualização da carteira de vacina é obrigatória antes do transplante. Após
o procedimento, evitar vacina com vírus vivos atenuados e indicar vacina contra
influenza anualmente
Neoplasias: principalmente de pele e do sistema hematopoético. Os inibidores do
sinal de proliferação são preferíveis como terapia imunossupressora em razão de sua
ação antitumoral
Diabetes melito: ciclosporina e tacrolimus têm efeito diabetogênico. No caso de
disfunção do enxerto, devem-se evitar metiglinidas e biguanida; sulfonilureias e
glitazonas são contraindicadas
Hipertensão arterial sistêmica: os inibidores de calcineurina e corticosteroides são a
principal causa. O tratamento, de preferência, engloba antagonistas do canal de
cálcio (principalmente o diltiazem) e/ou IECA ou bloqueadores dos receptores de

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