Clipping Jornais - Banco Central (2022-04-24)

(Antfer) #1

Um esporte diabólico


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Esporte
domingo, 24 de abril de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Juca Kfouri


Mestre Armando Nogueira disse que o basquete foi
criado por Deus e administrado pelo diabo.


O começo das séries decisivas da NBA confirma.


Com cestas impossíveis de três pontos, com erros
inimagináveis, com enterradas assustadoras, com
reviravoltas de matar do coração, com assistências
geniais.


É para ficar tresnoitado.


As noitadas em nosso horário começam ali pelas 20h30
e terminam quatro horas depois.


"Dormir é para os fracos", brada Everaldo Marques no
SporTV e depois de um "Bum bum bum shakalaka" para
festejar uma enterrada como faz Rômulo Mendonça, na
ESPN, é mesmo impossível pegar no sono.


No desfile de astros tem de tudo.


A garra contagiante de Draymond Green, a versão em
preto do branco Vitor Birner, que não comenta
basquete, mas se gaba de ser craque, embora nunca
ninguém tenha visto uma cesta dele; a impressionante
simbiose dos Splash Brothers (Irmãos do Chuá, a bola
que não bate no aro, só faz o barulho na rede) Stephen
Curry e Klay Thompson; o aluno de Curry, Jordan
Poole, 22 anos, no caminho de superar o professor que
é o maior arremessador de três pontos da história, para
ficar só em quatro dos craques do Golden State
Warriors, o time do insone colunista.

Porque quando não tem nem na SporTV, e nem na
ESPN, tem a alternativa do aplicativo da própria NBA,
com narradores também de primeira, como Marcelo
Gomes, ou das emissoras americanas, espanholas ou
coreanas.

A única queixa é que com frequência conversa-se tanto
por aqui que a narração passa ao largo de momentos
decisivos - e diga-se que a maioria dos comentaristas,
ex-jogadores ou jornalistas, são muito bons.

Basquete mata, como matou o presidente do Flamengo
Gilberto Cardoso, infartado em seguida à cesta vitoriosa
em jogo da decisão do Campeonato Carioca de 1955,
contra o Sírio Libanês.

Basquete faz marido acordar a mulher no hotel em
Paris, alta madrugada, quase de manhã, para contar a
façanha de Michael Jordan, na decisão da NBA de
1998, contra o Utah Jazz.

Então, o Pelé do basquete virou sozinho o jogo que
parecia perdido e deu o título para o Chicago Bulls, ao
roubar a bola na defesa e fazer os dois pontos do título
a 5 segundos do fim.

O marido em questão cobria a Copa do Mundo de
futebol na França, viu o jogo sozinho no saguão do hotel
onde esta Folha montou sua redação, e tinha de contar
para alguém o que acabava de ver?
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