Clipping Jornais - Banco Central (2022-04-24)

(Antfer) #1

Latino-americanos são os mais preocupados com crise climática


Banco Central do Brasil

Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Folhamais
domingo, 24 de abril de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Fabián Echegaray


Verões de calor recorde. Chuvas intermináveis
arrasando cidades e vilarejos. Secas liquidando
economias regionais e projetos familiares.


Tempestades de granizo e furacões fora de época ou de
rota se tornaram não mais a exceção, mas a regra.


Não há dúvida que as mudanças climáticas deixaram de
ser um tema especulativo de cientistas para se tornar
uma ocorrência diária. O que não estava tão claro é que
os latino-americanos são as pessoas mais preocupadas
com o tema no mundo.


Um estudo da rede global de pesquisas WIN, em
associação com a consultoria Market Analysis, revela
que sete em cada dez latino-americanos estão
totalmente de acordo que o aquecimento global é uma
ameaça séria para a humanidade.


Apenas um punhado de países do sudeste asiático,
frequente e duramente castigados por inundações e
desastres climáticos, como Indonésia, Vietnã e Malásia,


registra maior preocupação, mas como região a
América Latina exibe um grau de alerta incomparável.

Em contraste, apesar da abundância de informação e
das recentes tragédias, os europeus ou norte-
americanos parecem menos alarmados.

Se um consenso tão vasto de opinião pública servisse
para guiar as ações dos governos ou suas instituições
de peso, seria esperado que nossa região se tornasse o
porta-voz e agente ativo nas negociações climáticas e
veríamos uma liderança nítida daqui a alguns meses,
quando a próxima Conferência da ONU sobre Mudança
Climática, a COP-27, for realizada em novembro, no
Egito.

Será que veremos isso no futuro próximo?

Como tantas outras urgências, da inflação à
criminalidade, da deterioração educacional à explosão
da dependência de drogas, nossas sociedades são
rápidas em exibir suas preocupações e lentas ou
inconsistentes em reagir pública e coletivamente para
tentar remediar.

Não é raro explicar essas brechas por desvios culturais
que tendem a dramatizar exageradamente demasiados
temas ao mesmo tempo e a amparar-se na
transferência de responsabilidade para terceiros.

Em outros casos, são frequentes as restrições às
liberdades ou direitos civis que impedem manifestações,
como sucedeu nas ditaduras ou durante as duras
quarentenas de 2020.

Curiosamente, nenhuma dessas alternativas nos ajuda
a entender o quadro atual.

No caso da crise climática, a ansiedade e a sensação
de emergência recorde dos latino-americanos são
neutralizadas por um combo paralisante de otimismo
inercial, autorresponsabilização individual exagerada e
exculpação de quem tem recursos e responsabilidades
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