72 NATIONAL GEOGRAPHIC
Uma estudante queniana
experimenta uma máscara
durante uma visita dos Twiga
Walinzi (Guardas das Girafas)
à sua escola. Este grupo de
conservação procura
transmitir conhecimentos
sobre as girafas às crianças,
na esperança de que elas
venham a contribuir para
a conservação.
DEPOIS DE PERMANECER DOIS MINUTOS PARADA,
em pé, a girafa atingida por Pete Morkel parece sen-
tir os primeiros sintomas. De repente, afasta-se do
grupo a galope e as suas patas compridas parecem
voar em câmara lenta.
A nossa carrinha vai atrás dela, serpentean-
do entre arbustos a cerca de 30 quilómetros por
hora, com o condutor a tentar acompanhar o rit-
mo da corrida. Por fim, conseguimos cortar-lhe
o caminho. Os quatro homens que viajam na
caixa saltam para fora e esticam uma corda para
criar uma barreira que obrigue o animal a abran-
dar. Quando a girafa embate na corda, o chefe
da equipa de investigação local, Abdoul Razack
Moussa Zaberiou, é projectado pelo impacte,
mas a girafa cai.
Pete salta. Aponta abaixo da cabeça e espe-
ta-lhe uma seringa repleta de antídoto na veia
jugular, enquanto dois vigilantes da natureza se
sentam no pescoço, com uma perna de cada lado.
Há apenas dois minutos até o animal recuperar
os sentidos. Por isso, a equipa tapa-lhe as orelhas
com panos e venda-lhe os olhos.
A equipa de veterinários e vigilantes da nature-
za recolhe amostras de sangue e injecta seringas
cheias de vitamina E, antibióticos e um anti-in-
flamatório. Medem a temperatura e anotam as
dimensões do animal. Cortam-lhe a ponta da ore-
lha para fazer um teste de DNA.
Assim que lhe atam uma corda em redor do
tronco, o animal acorda e dá coices ferozes. Pete
dá-lhe uma palmada no lombo e a girafa levanta-
-se de um salto, cega e surda, sendo guiada pela
corda até um atrelado, no qual viajará com desti-
no a um grande recinto.
PASSADAS TRÊS SEMANAS de habituação ao recinto,
as girafas que vão recolonizar Gadabedji estão
prontas para o transporte. Por volta das 11 horas de
um domingo, as primeiras quatro girafas são con-
duzidas até um contentor de seis metros pintado
de branco e sem tecto. O piso encontra-se forrado
com areia molhada e há postes com folhas pendu-
radas dispostos ao longo dos limites do atrelado
para as girafas poderem comer enquanto se deslo-
cam. É fundamental que se mantenham calmas
durante a viagem. Semanas antes, a equipa perdeu
um animal demasiado excitado que escorregou e
bateu com a cabeça, acabando por morrer.
Seguindo atrás de um veículo de reconheci-
mento que se mantém atento a cabos eléctricos
que possam decapitar a preciosa carga, a carri-
nha parte numa marcha de 15 quilómetros por
DEPOIS DE ADMINISTRADO
UM ANTÍDOTO À
GIRAFA SEDADA,
A EQUIPA TEM APENAS
DOIS MINUTOS PARA
RESTRINGI-LA E COLHER
AS AMOSTRAS.