GIRAFAS 73
hora rumo a Gadabedji, a cerca de oitocentos
quilómetros de distância.
Quarenta e sete horas mais tarde, com apenas
duas paragens diárias junto de vegetação para
as girafas comerem e para a equipa descansar
durante três horas, chegamos finalmente a Ga-
dabedji, onde somos recebidos pelo presidente
da câmara, um tuaregue vestido com uma túni-
ca e um turbante vermelho. Crianças correm em
direcção à nossa caravana, levantando os braços
e dando pulos de alegria. Há meses que ouviam
falar na nossa chegada.
“Este território é perfeito para uma girafa”, diz
Pete Morkel, sorrindo. As cabeças que espreitam
no contentor olham para o vasto território, com
os seus aglomerados de acácias comestíveis. Sim,
parece mesmo um bom habitat para as girafas.
Vigiados por guardas tuaregues armados com
AK-47, os portões do contentor abrem-se. Sob
um sol abrasador, as girafas chegaram ao seu
novo lar. Este é apenas o primeiro grupo da po-
pulação colonizadora. Há planos para a chegada
de novos animais no próximo ano e talvez mais
no ano seguinte.
Dois minutos depois, a primeira girafa estica a
cabeça em frente e troteia cautelosamente, não
tardando a ser seguida pelas outras. Detêm-se
para relancear os seres humanos que as obser-
vam. Sopra uma brisa suave e as quatro viram-
-se e afastam-se lentamente, marchando rumo
a um conjunto de acácias. Deslocam-se em fila
única, olhando para trás de vez em quando,
como se não estivessem certas do que fazer em
seguida. Por fim, desaparecem da nossa vista. j