DEZEMBRO 2018 | REVISTAVOX.COM 35
Com o tempo a professora que
incentivou e estimulou sua carreira
trouxe o ballet para Adamantina
também, da mesma forma que fez em
Tupã. Primeiro tinha uma sala no
conservatório de música da cidade e
depois com o sucesso das aulas abriu
o próprio espaço.
Quando Eliana voltou para São
Paulo, Rosânia se mudou de vez para
Adamantina e assumiu a academia
que hoje leva seu nome.
“Eu assumi a academia de Ada-
mantina em 1979. Tudo começou a
tomar uma proporção tão grande
que resolvi me mudar de vez para a
cidade. O ballet vivia seu auge, eu co-
meçava a dar aula às 8 da manhã e ia
noite adentro. Ao todo eram 11 aulas
apenas de ballet por dia”, conta.
O ballet naquela época
estava para as meninas
como o futebol para os
meninos. Fazia parte do
que era considerado como
“boas maneiras” na vida
das jovens de classe econô-
mica mais favorecida.
Vale recordar que
outros tipos de ativida-
des físicas não eram tão
comuns naquele período.
Academias de muscula-
ção quase não existiam
principalmente no interior
e essa era uma atividade
designada apenas a homens.
Se hoje temos crossfit, treinamen-
to funcional, musculação, zumba,
ioga e exercícios derivados de lutas,
nos anos 80 nada disso era comum,
algumas dessas opções ainda nem
existiam. Ou seja, o ballet era uma
das poucas opções de atividades
físicas e uma porta de entrada de uma
vida saudável e regrada, visto que o
comum era iniciar essa atividade nos
primeiros anos de vida.
Com a chegada dessas modalida-
des a dança passou a ser deixada de
lado neste cenário. “O ballet deu uma
decaída depois que outras opções
começaram a se popularizar. Natação,
musculação e ritmos como Zumba.
Nós profissionais da área tivemos
que nos reinventar. Aos poucos en-
contrei professores e incluí atividades
como ginástica localizada e academia
de musculação”, explica.
Após anos sem ser considerado
como primeira opção no quesito
atividade física, hoje o ballet é pro-
curado não apenas pela arte, mas
por oferecer flexibilidade, disciplina
e melhorar a qualidade de vida de
quem o pratica.
“O ballet e a dança em si estão
voltando a ocupar seu lugar. O ritmo
se tornou financeiramente mais aces-
sível. Além disso, os pais voltaram a
reconhecer a importância dessa arte
na vida das crianças. O que a dança
faz para a postura de uma pessoa é
impressionante. Um aluno de ballet
sempre terá uma postura impecável e
aprende desde cedo a ter responsabi-
lidade com seus compromissos”.
São 47 anos de dedicação ao
ballet, a academia de Rosânia que
conta com professores especializa-
dos e excelente método de ensino é
conhecida regionalmente por essa
arte e acumula prêmios. Na recepção
do local é possível notar seu prestí-
gio. As paredes ostentam prêmios e
certificados do piso ao teto.
“Cheguei a ter mais de 500 alu-
nos de ballet e muitas das minhas
alunas saíram do interior para
seguir carreira na dança. Por onde
nossa academia se apresentava tra-
zíamos prêmios pra casa”, comenta
orgulhosa.
A academia está nos preparativos
para comemorar em 2019, seus 40
anos. A vida de Rosânia se mistura a
própria história do ballet de Ada-
mantina. Olhando para as fotografias
dos inúmeros festivais e apresen-
tações ela relembra com carinho
do momento em que começou na
carreira, ainda muito jovem.
“Parece que as comemorações de
10, 20 e 30 anos foram ontem. Nesses
momentos me vem tantas memó-
rias. Algo que me emociona muito é
ver as gerações passando por aqui.
Mulheres que foram minhas alunas
hoje trazem suas filhas para estudar
comigo, isso não tem preço”, finaliza.
ESPALHANDO ARTE
Até onde um sonho te leva? Para
a bailarina e professora Fabiane Or-
tega quando o sonho anda de mãos
dadas à determinação a resposta é:
para onde você desejar.
Aos 11 anos de idade ela teve a
oportunidade de iniciar
no ballet, mas Fabiane não
descobriu a dança aos 11
anos, pelo contrário, ela
já nasceu apaixonada por
essa arte. Provavelmente
quando criança não pode-
ria imaginar o quão longe
chegaria.
Sua jornada no ballet
começou graças a uma
bolsa de estudos, pela
qual competiu com outros
candidatos, em uma reno-
mada academia da cidade
de Tupã.
“Não tive oportunidade de estar
na dança desde cedo porque quando
criança isso era algo pra elite, muito
caro. Comecei a estudar ballet através
de uma bolsa, porém quando acabou
o período dessa bolsa eu não tinha
condições financeiras para continuar.
Mas sabia que desistir não era uma
opção”, conta a bailarina.
Decidida ela procurou por
soluções para continuar no ballet e
propôs auxiliar nas aulas em troca
dos estudos. Sua mãe observando o
interesse e dedicação da filha ofere-
ceu costurar os figurinos da acade-
mia, dessa maneira ela conseguiu ir
adiante.
Como a própria bailarina diz, de-
sistir nunca foi opção. Ela tem um ex-
tenso currículo que só comprova seu
empenho. É formada em Educação
“Algo que me emociona muito
é ver as gerações passando por
aqui. Mulheres que foram minhas
alunas hoje trazem suas filhas
para estudar comigo, isso
não tem preço”.
Rosânia Gonçalves