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Jornal O Globo/Nacional - Política
sábado, 28 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas
comboio. Em Umbaúba, torturou e assassinou um
homem indefeso.
Não se pode negar que havia bandidos entre os mortos
da Vila Cruzeiro. É verdade também que Genivaldo
infringiu o código de trânsito ao pilotar moto sem
capacete. Mas é ainda mais evidente que as duas
ações policiais foram violentas e irresponsáveis. Da
mesma forma é claro que o presidente Bolsonaro inspira
policiais violentos e irresponsáveis. Sua apologia à
tortura, sua aliança incondicional às armas e seu apoio
a qualquer ação policial, mesmo as mais truculentas,
alimentam o sentimento de impunidade de quem usa
uniforme.
Sobre achacinado Rio, Bolsonaro disse: 'Parabéns aos
guerreiros do Bope e da PM do Rio que neutralizaram
pelo menos 20 marginais em confronto'. A propósito da
câmara de gás da PRF em Sergipe, o presidente
afirmou: 'Eu vi há duas semanas aqueles dois policiais
executados por um marginal que estava andando lá no
Ceará; foram negociar com ele, o cara tomou a arma
dele e matou os dois'. No primeiro caso, trocou matar
por neutralizar. No segundo, justificou a morte cruel de
Genival de Jesus como ação de defesa preventiva.
O PATO
Tem pessoas e grupos que não conseguem enxergar o
perigo que ronda o país. Deliberadamente ou por
ignorância, não veem as ameaças à democracia que
emanam do Palácio do Planalto quase diariamente. No
caso dos empresários, embora muitos já tenham se
convencido de que a retórica golpista de Jair Bolsonaro
pode levar ao caos político e econômico, não se ouve
qualquer palavra em favor do estado de direito. O
Datafolha mostrou que 56% ainda apoiam o presidente.
Claro que a maioria absoluta dos entrevistados não tem
escritório na Faria Lima. Talvez por isso, esta seja a
hora de o pato da Fiesp voltar à Paulista. Desta vez
para honrar a democracia.
LULA LOGO
A pesquisa Datafolha mostrou que a eleição pode ser
resolvida no primeiro turno. Se a eleição fosse hoje,
Lula seria eleito. Se Simone Tebet for torpedeada pelo
MDB, como Doria pelo tucanato bolsonarista, vão restar
na campanha presidencial apenas Lula, Bolsonaro e
Ciro. Os outros não importam. A possibilidade então
desta eleição ser resolvida no primeiro turno vai
aumentar ainda mais. Embora não impeça a eleição de
Lula logo, Ciro Gomes pode ajudar a encontrar uma
solução rápida.
DORIA GANHOU
Ao desistir da candidatura da maneira que o fez, João
Doria ganhou muito mais do que poderia sonhar se
tivesse batido o pé contra os caciques do seu partido.
Já o PSDB mostrou que foi reduzido a um partido
satélite do bolsonarismo.
GOLPE
O golpe de Arthur Lira na mesa da Câmara, destituindo
o vicepresidente Marcelo Ramos por ter mudado de
partido, demonstra o 'afeto' que o deputado alagoano
tem pela pluralidade. E um ajudante de ordens de
Bolsonaro, na verdade. Em fim de legislatura, com
eleição pela frente, o papel de Ramos na mesa seria
indiferente politicamente. Sua destituição foi apenas um
gesto de puxa-saquismo explícito. Lira ainda vai ser
confrontado pela História por este e outros tantos atos
que tomou ou deixou de tomar ao longo da sua gestão.
ARAS GROSSO?
O manso Augusto Aras, que engole sapo como quem
troca de camisa, resolveu partir para cima de um colega
procurador a quem desrespeitara segundos antes. O
procurador-geral quis bater em Nívio de Freitas porque
este reagiu ao ouvir do chefe que não era digno de
respeito. Mas a grossura do manso somente se dá para
baixo. Para cima, o procurador já aprendeu a bater
continência.
REESCREVENDO A HISTÓRIA
Não poderia ser mais exótica a ação movida pelo