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Banco Central do Brasil

Revista Isto é/Nacional - Editorial
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas

possível junção do MDB com Cidadania e PSDB em
torno de uma opção comum vai se mostrando como
quimera. Do ponto de vista da democracia, o PSDB, que
sempre projetou-se feito expoente da corrida,
apequenou-se. Parece ensaiar a sua cerimônia de
adeus. Não há aglutinação possível nesse cenário que o
faça agora ressurgir das cinzas. O tucanato iniciou,
decerto, uma caminhada rumo ao precipício, após as
inacreditáveis injunções que crucificaram aquele
legitimamente vitorioso das prévias. O haraquiri
deliberado da legenda parece pautar um certo
comportamento que não é de hoje. Historicamente,
também o líder maior do partido, Fernando Henrique
Cardoso, por duas vezes presidente da República e pai
do Plano Real, foi logo depois renegado por seus
súditos e aspirantes da sigla ao posto. Seguidamente,
Serra, Alckmin e Aécio Neves tentaram apagá-lo da
memória, descolarem de sua influência, levados pela
ingênua ideia de que assim seriam melhor aceitos.
Sucumbiram nos sufrágios como peças descartáveis. A
demonstrar o descrédito no bloco que, na prática, ainda
não saiu do papel, um de seus formuladores iniciais, o
pré-candidato do União Brasil, Luciano Bivar, resolveu
colocar o dedo na ferida e cravou: “A terceira via não vai
dar em nada”. Não apenas ele pensa assim. Nas hostes
de Brasília, principalmente, começa a se solidificar o
fato de que a contenda ficará restrita aos líderes, tidos e
havidos como populistas salvadores da pátria. Cada
uma das peças vai se movendo e se encaixando nesse
sentido. É o dinheiro que está determinando a eleição,
bradam os especialistas. E não dá para discordar.
Pouco importa a qualidade programática ou o perfil dos
postulantes.


Virou rinha de cachorro grande, com raiva e dentes
afiados, para triturar o filé do poder. Simples assim. A
guerra fratricida no tucanato deu o tom e serviu de pré
ensaio dos golpes baixos que ainda estão por vir. Não
se trata mais de uma mera disputa presidencial, e sim
de uma luta mortal pela perpetuação no poder dos
projetos majoritários que, lamentavelmente, de uns
tempos para cá, vêm espoliando e minando o Estado —
particularmente, no caso do mandatário Bolsonaro,
buscando caçar instituições, diminuir direitos individuais,


para implantar a mais deplorável ditadura. O roteiro é
assustador, sem dúvida, e precisa ser brecado a partir
da conscientização dos demais atores que podem fazer
a diferença. A terceira via balança por um fio, tênue,
frágil, quase arrebentado. O tucanato em plena
desordem, sem consenso ainda e sem projeto, parece
trabalhar para que ele se desprenda de vez, rumo a um
retrocesso que a maioria dos brasileiros torce para não
acontecer. Resta agora, decerto, apenas a torcida.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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