Após derrotas em série, Guedes ganha poder em ofensiva eleitoral
Banco Central do BrasilJornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
Sunday, May 29, 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco CentralClick here to open the imageAutor: Julianna Sofia, Fábio Pupo e Julia Chaib
O ministro Paulo Guedes (Economia) chega à reta final
do mandato de Jair Bolsonaro (PL) com mais poder.
Após uma sucessão de derrotas e vitórias na tentativa
de executar uma agenda liberal, ele tem ampliado sua
influência no governo se equilibrando entre o que prega
sua cartilha e o esforço para atender às vontades do
chefe.
A escolha de dois membros de sua equipe para o
comando de um tema estratégico em 2022 como o dos
combustíveis resume o cenário. Adolfo Sachsida foi
para o Ministério de Minas e Energia e Caio Mario Paes
de Andrade foi indicado para o comando da Petrobras.
Nomes de confiança da equipe do ministro, ambos
compunham o time de primeira linha de Guedes -Paes
de Andrade é o atual secretário especial de
Desburocratização da pasta, enquanto Sachsida
desempenhou os cargos de secretário de Política
Econômica e de assessor especial.
A posição de Guedes hoje -comandando um ministério
e com influência direta em outro- é vista por integrantes
do governo ouvidos pela Folha como uma
demonstração de confiança do presidente. Em meio a
uma disputa eleitoral histórica, o país passa por um
momento desafiador para controlar a inflação, gerar
emprego e garantir crescimento.A volta de Guedes à condição de "superministro"
contrasta com episódios anteriores. O ministro beijou a
lona várias vezes desde que assumiu o posto com a
promessa de fazer uma revolução na política
econômica.O economista da Escola de Chicago obteve diferentes
conquistas, mas as perdas soaram mais estridentes em
diversos momentos, com sua saída sendo aventada em
várias ocasiões -inclusive por ele próprio.Entre essas derrotas, está o enterro de um imposto nos
moldes da antiga CPMF (ideia defendida até hoje pelo
ministro), o "cartão vermelho" com que Bolsonaro o
ameaçou indiretamente caso surgissem ideias como a
do congelamento de aposentadorias, uma debandada
em sua equipe diante das contradições do governo com
o discurso liberal e a perda de influência sobre a
Petrobras em 2021.O acúmulo desses episódios fez o ministro deixar parte
de suas convicções de lado para continuar ao lado do
presidente.Em outubro do ano passado, ele chegou a aceitar
mudanças nas regras fiscais para encaixar no
Orçamento um pagamento mensal de R$ 400 do Auxílio
Brasil -uma exigência de Bolsonaro diante da
proximidade das eleições.Para executar o plano, o chefe da Economia colocou em
prática uma megaoperação que demandou uma
emenda à Constituição para driblar o teto de gastos -
regra defendida por sua parte até então. A medida
gerou revolta em sua equipe, que sofreu uma
debandada.