Banco Central do Brasil
Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
Sunday, May 29, 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central
"[É] perfeitamente compreensível. Espero que os
mercados compreendam isso ao invés de ter uma
posição um pouco mais infantil de que 'o símbolo é o
teto', 'o teto ou a morte', disse o ministro em novembro
para justificar a iniciativa.
Neste ano, novos flertes com medidas inusuais diante
da proximidade eleitoral. Embora defenda a liberdade
de preço da Petrobras, o Ministério da Economia
reservadamente entende que o momento atual é de
exceção e que medidas podem ser adotadas para
conter a volatilidade nas bombas.
A visão é compartilhada por diferentes integrantes da
equipe econômica e catapultou dois assessores de
Guedes ao comando das decisões sobre combustíveis.
Sachsida, por exemplo, foi escolhido por Bolsonaro
após apresentar sugestões de mudanças sobre os
preços diretamente ao presidente -com aval do ministro.
Há várias medidas em estudo, conforme mostrou a
Folha, como uma proposta para estabelecer faixas para
o preço internacional do petróleo -sendo que, caso o
preço do barril varie dentro dos valores delimitados, a
empresa não poderia fazer reajustes. Outra sugestão é
criar um intervalo mínimo de 100 dias para os reajustes.
Seja qual for a opção escolhida, o governo dá
indicações frequentes nos bastidores de que quer evitar
os reajustes da Petrobras em um momento delicado da
corrida eleitoral -em que Bolsonaro sofre desgaste pela
inflação enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) amplia a liderança nas pesquisas.
Na visão de integrantes do governo seria, inclusive,
mais vantajoso para os acionistas da Petrobras se a
empresa segurasse os preços agora e arcasse com
algum prejuízo do que permitir a volta de Lula. Dentro
desse entendimento, uma nova gestão petista acabaria
com a empresa a partir de 2023.
Na última semana, assessores da Economia brincaram
que fariam um "War" da Esplanada, em referência ao
jogo de tabuleiro no qual os jogadores precisam avançar
sobre territórios. A ideia é mostrar como Guedes
conseguiu progredir, sendo sua pasta comparada
inclusive a uma escola de formação de ministros.
O ministro tem sido vitorioso, até agora, em segurar a
pressão de setores do governo e do Legislativo por
ideias mais drásticas -como a criação de subsídios para
conter a alta do preço do diesel e da gasolina.
A pressão continua entre ministros da área política, com
queixas de que as decisões a respeito do tema estão
agora muito concentradas na mesa de Guedes. Paes de
Andrade, oriundo da equipe de Guedes, chegou a ser
refutado por nomes como Arthur Lira (PP-AL) -que havia
defendido alguém com mais experiência no setor da
primeira vez que ele havia sido cotado para o cargo.
Mas tem falado mais alto a percepção no governo, e
principalmente de Bolsonaro, de que a economia será
fator determinante na disputa presidencial. Isso tem
levado o presidente a ouvir mais a área econômica e a
circunscrever assuntos à pasta de Guedes.
Na ala política, o fortalecimento do ministro tem sido
interpretado como um reequilíbrio de forças, dado o
aumento crescente da influência do centrão nas
decisões do governo desde que Bolsonaro se associou
ao agrupamento de legendas em 2020.
Nesse sentido, o movimento para desidratar o centrão
tem sido impulsionado por militares que orbitam o
gabinete de Jair Bolsonaro. Eles passaram a considerar
mais os posicionamentos de Guedes e sua equipe em
detrimento das demandas da ala política.
Segundo assessores do Planalto, Guedes também tem
deixado de olhar para trás -já que fracassou em suas
promessas ousadas de privatização, abertura
econômica e reformas estruturais- e passou a focar
planos para um eventual segundo mandato de
Bolsonaro.
Esses assessores citam, por exemplo, a ideia do
ministro de criar um fundo com recursos das
privatizações para atuar na redução da desigualdade. O