Coros frios
A hibernação é uma es atégia de sobrevivência co-
nhecida na na reza. Morcegos a pra cam, assim
como roedores e ursos. Esse po de repouso permi-
te que o corpo equilibre sua tempera ra com a do
ambiente e reduz o gasto de energia (algo essencial
para a sobrevivência nas estações do ano em que
não há alimento). O que você talvez não saiba é que
a medicina já domina, e pra ca, uma espécie de hi-
bernação em humanos.
Trata-se da hipotermia terapêu ca, uma técnica
de resfriamento corporal usada, há quase 20 anos,
por paramédicos para socorrer ví mas de infarto,
derrames ou ferimentos graves. Quando isso acon-
tece, a circulação é prejudicada ou interrompida, e as
células do organismo começam a morrer por falta de
oxigênio. Nessa si ação, esfriar o corpo é benéfico,
porque reduz a velocidade de morte celular e aumen-
ta exponencialmente as chances de sobrevivência.
A tempera ra pode ser reduzida colocando bolsas
geladas sobre o paciente ou injetando nele uma so-
lução salina gelada (água e cloreto de sódio, cloreto
de cálcio, cloreto de potássio e lactato de sódio), que
resfria o corpo rapidamente e sem provocar danos.
Nas cabines espaciais, a hipotermia seria induzida
de ou a forma: com a RhinoChill, uma máquina
que resfria o organismo pela mucosa nasal – e já é
u lizada por paramédicos dos EUA em si ações de
emergência. O princípio é o mesmo.
“Os seres humanos não hibernam na ralmente.
Mas existem métodos capazes de induzir estados de
torpor”, diz a bioquímica Kelly Drew, da Universidade
do Alasca. Nos hospitais, a redução de tempera ra
não cos ma durar mais do que 24 horas. “Com a
tecnologia a al, é possível manter humanos sau-
dáveis em tempera ras en e 32 oC e 34 oC, por até
ês dias. Períodos mais longos só foram regis ados
em pacientes com alto risco de morte”, diz Drew.
A CÁPSULA
Astronautas viajariam
sedados e conectados.
Duas sondas, ligadas no peito e
na perna, enviam uma solução
que inclui glicose, aminoácidos
e vitaminas. Esse líquido é pare-
cido com o que os pacientes em
coma recebem nos hospitais.
Vigiam os batimentos
cardíacos, a respiração, o
funcionamento de órgãos im-
portantes, como o fígado, e a
atividade do sistema nervoso.
Também monitoram o possí-
vel surgimento de elementos
perigosos, como infecções ou
coágulos sanguíneos.
São capazes de trocar son-
das, consertar vazamentos
e solucionar pequenos
problemas. Em casos mais
graves, com risco à saúde da
pessoa que está hibernando,
o sistema emite um alerta
para os astronautas que
estão acordados.
Um tubo inserido nas narinas
dispara um spray de perfl uorocar-
bono, líquido inerte e gelado. Em
contato com a mucosa nasal, ele
reduz a temperatura corporal,
até chegar a 32 oC.
A coleta acontece com o uso
de um dreno, fi xado no corpo
dos astronautas antes de a
viagem começar. Ela pode ser
reciclada e reaproveitada (como
já acontece na Estação Espacial
Internacional).
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