Superinteressante - Edição 399 (2019-02)

(Antfer) #1
O recorde pertence a uma mulher de 43 anos, morado-
ra da Flórida, que sofreu um aneurisma e entou em
coma. Ela foi mantda em hibernação por 14 dias, e
sua temperatra só foi normalizada quando não havia
mais hemorragia no cérebro. A paciente sobreviveu
ao procedimento; mas correndo risco considerável.
No espaço, o resfriamento corporal teria de ser
mantdo por muito mais tempo – o ideal seria 200
dias seguidos de hibernação, cobrindo a maior parte
do percurso até Marte. “Na natreza, existem animais
que suportam períodos longos, de vários meses. Em
humanos, ainda não sabemos quais as consequências
do torpor induzido por mais de duas semanas”, admite
John Bradford, presidente da SpaceWorks.
Por isso, a primeira meta é mais modesta. O projeto
prevê que todos os astonautas se revezem em perío-
dos de hibernação de 8 a 14 dias, para que nenhum
deles ultapasse o período já estdado pela ciência.
Essa estatégia também garante que sempre haja al-
gum humano acordado e consciente a bordo, o que
seria útl em caso de pane nos computadores que
contolam a hibernação ou se algum astonauta passar
mal durante o estado de torpor – o que pode acontecer.
A diminuição da circulação sanguínea, por exemplo,
pode provocar embolias (obstução dos vasos sanguí-
neos que pode levar à morte). A hibernação reduz a
atvidade dos glóbulos brancos, deixando o astonauta

Para cada um desses problemas, existe uma res-
posta. O risco de embolia, por exemplo, pode ser
reduzido com injeções regulares de heparina, uma
substância que ajuda a dissolver coágulos. É possível
prevenir infecções limpando bem os equipamentos
ligados aos corpos dos astonautas. Já a atofia pode
ser evitada aplicando choques eléticos de baixa in-
tensidade nos músculos, para mantê-los devidamente
tonificados. Mas ninguém sabe quão bem tdo isso
funcionaria na prátca, nem como os astonautas se
sentriam ao despertar.
Não é agradável voltar da hibernação. Os animais
que a pratcam costmam acordar extemamente can-
sados, tendo a necessidade de voltar a dormir logo em
seguida. No habitáculo da SpaceWorks, a estatégia
seria aumentar a temperatra gradualmente e cortar
aos poucos o fornecimento do RhinoChill. O pro-
cesso seria ainda mais lento do que o resfriamento,
podendo levar até oito horas.
Mas, mesmo que todos os aspectos fisiológicos
sejam controlados, a questão psicológica conti-
nuará uma incógnita. Até hoje, todos os humanos
submetdos à hibernação forçada estavam muito
doentes, à beira da morte. Não dá para saber co-
mo um astronauta saudável e plenamente lúcido
reagiria ao processo. Só mesmo testando na prá-
tica. E há um grande incentivo para isso. Com a

um plano


possível


Cronograma que a nasa
cogita seguir para
chegar a marte.

Aumento dos voos
suborbitais tripu-
lados, em parceria
com companhias
privadas.

Testes de microgra-
vidade na ISS, para
entender como o corpo
humano reage a ela
em períodos longos.

Desenvolvimento de tecno-
logias avançadas de suporte
vital (como um sistema que
recicla 100% do CO2 expira-
do pelos astronautas).

Etapa 1
PreParativos iniciais
2018 - 2024

mais vulnerável a infecções – inclusive
porque ele está em sitação de risco, com
agulhas e cateteres espetados por todo
o corpo. As alterações no metabolismo
podem provocar hipoglicemia e matar.
E, mesmo com a gravidade artficial gerada
pela rotação da nave, a falta de atvidade
física pode provocar atofia muscular.

01 02 03


a medicina já sabe


como fazer um ser


humano hibernar –


por até 14 dias.


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