Sabe quan-
do você
está com
muitas abas
do Chrome
abertas,
e ele fca
lento? Na
máquina
do Google,
isso não
acontece.
quem mora no cam-
po precisa de um jipe
4x4 para se locomover.
Quando alguém muda
da fazenda para a cida-
de, o natural é trocar
o jipe por um carro. O
computador tradicional
é como o jipe. Ele vai
continuar a existir, mas
só para usos específcos
(ou para afcionados). O
mundo vai migrar para
outro tipo de dispositivo,
mais simples.
Quem disse isso foi
Steve Jobs, em 2010,
numa das últimas
entrevistas antes de
morrer. Jobs chamava
esse cenário de “o fu-
tro pós-PC”. Faz sen-
tdo, parece inevitável,
mas, quase uma década
depois, ainda não che-
gamos lá. Ok, hoje é
possível resolver muita
coisa só com o smar-
tphone – mas ainda não
dá para dispensar um
desktop ou notebook
tradicional, rodando
Windows, Linux ou
macOS. Ou será que
dá? O Google acredi-
ta que sim, e propõe
um novo conceito de
computador: o Chro-
mebook. É um laptop
que roda o Chrome OS,
um sistema operacio-
nal hipersimplificado.
Ele é extremamente
pé-de-boi, tanto que
só roda um programa,
o navegador Chrome.
Você tem que se virar
com isso. Em compen-
sação, o Chromebook
promete vantagens
incríveis: liga em 15
segundos, não pega ví-
rus, não fica lento e sua
bateria dura 10 horas.
Nos Estados Unidos,
os Chromebooks (fa-
bricados pelo próprio
Google e por outras
empresas, como Acer
e Samsung) estão var-
rendo o Windows das
escolas: já detêm 60%
do mercado educacio-
nal, conta 25% do sis-
tema da Microsoft. Mas
dá para viver só com
um Chromebook? Pa-
ra descobrir, passamos
um mês tentando fazer
isso, sem usar nenhum
outo computador.
Testamos dois Chro-
mebooks, com algumas
diferenças entre si.
O primeiro é o Acer
11N7. Ele é leve, tem
pouco mais de 1 kg,
mas parece feito de
granito: todas as peças,
da dobradiça da tela aos
botões do teclado, im-
pressionam pela soli-
dez. Lendo o manual do
aparelho, logo descubro
o porquê. Ele possui a
certificação militar
STD-810G, ou seja, é
à prova de líquidos e
quedas de 1,2 metro.
Sua configuração, por
outo lado, não é nada
demais: CPU Intel Ce-
leron de 1,6 GHz e 4
GB de memória RAM.
Parece um daqueles no-
tebooks ruinzinhos, de
mil e poucos reais, que
sobram nas lojas por aí
(e passam sufoco para
rodar o Windows).
Será que 4 GB são su-
ficientes para saciar o
Chrome – conhecido
por devorar memória
RAM como um alco-
ólata bebe pinga?
Ligo a máquina pela
primeira vez. Dez se-
gundos depois, ela pede
meu nome de usuário
e senha do Google.
Pronto. Meus emails
do Gmail, vídeos e ca-
nais do YouTube, do-
cumentos do GDocs,
bookmarks, senhas e
extensões do Chrome...
está tudo ali. 90% da
minha vida digital aca-
ba de ser tansplantada,
em poucos segundos e
sem nenhum problema,
para a máquina. Come-
ço a abrir um montão
de abas, para tentar fa-
zer o Chrome engasgar
(o que sempre acaba
acontecendo nos com-
putadores comuns).
Edito uma planilha
pesada no Google Do-
cs enquanto rodo um
vídeo do YouTube, com
mais 20 abas abertas na
tela, e o computadorzi-
nho – mesmo com seu
processador modesto e
pouca memória – nem
se abala. Como pode?
O Windows é for-
mado por 60 milhões
de linhas de código de
computador, que fo-
ram sendo adicionadas
ao longo dos últmos
30 anos. Ele é um ema-
ranhado tão denso que
os programadores cos-
tmam compará-lo a
um prato de espaguete,
impossível de desem-
baraçar: se você tentar,
os fios de macarrão
se partem. O Chrome
OS tem 20 milhões
de linhas. É menor e
menos tortoso, e por
isso exige menos po-
der de processamento.
O notebook do
Google também não
precisa de antivírus
(elemento que é es-
sencial no mundo
Windows, mas rouba
velocidade do com-
putador) e vem com
solid state disk, um
tpo de memória que
substitui o tradicio-
nal HD – e é centenas
de vezes mais rápido.
Por tudo isso, a má-
quina também gasta
menos energia, e a
bateria dura muito:
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