– Onde... é que Lev está? – Trond olhou para eles perplexo.
– Sim – disse Beate. – Sabemos que esteve fora durante algum tempo.
Grette virou-se para Harry.
– Não me disseram que isto estava relacionado com Lev. – O tom de voz
era acusador.
– Dissemos que queríamos falar disto e daquilo – disse Harry. – Acabámos
com isto, agora estamos naquilo.
De repente Trond levantou-se da cadeira, pegou nas chávenas, dirigiu-se ao
lava-loiça e despejou o cacau.
– Mas Lev... afinal é o meu... mas que raio tem ele a ver com...?
– Talvez nada – respondeu Harry. – Se não tem, gostaríamos que nos
ajudasse a retirá-lo das nossas investigações.
– Ele nem sequer vive neste país – resmungou Trond, virando-se de frente
para eles.
Beate e Harry olharam um para o outro.
– Então onde é que vive? – perguntou Harry.
Trond hesitou um décimo de segundo antes de responder.
– Não sei.
Harry observou o camião amarelo do lixo a passar.
– Não mente lá muito bem, pois não?
A única resposta de Trond foi um olhar duro.
– Hm – disse Harry. – Talvez não possamos esperar que nos ajude a
encontrar o seu irmão. Por outro lado, foi a sua mulher que foi assassinada. E
temos uma testemunha que indicou o seu irmão como o assassino. – Ergueu
os olhos para Trond quando disse a última palavra, e viu a maça de Adão a
saltar-lhe sob a pele clara. No silêncio que se seguiu, ouviram o rádio a tocar
na casa vizinha.
Harry tossiu.
– Assim, se houver alguma coisa que nos possa contar, gostaríamos muito
que o fizesse.
Trond sacudiu a cabeça.
Ficaram ali sentados durante alguns momentos, depois Harry levantou-se.