afogavam-se entre os gritos dos pássaros e o rugido do mar atrás deles.
– O de trás não se parecia exactamente com um atleta – disse Beate.
– Eles conhecem as veredas melhor que nós – disse Harry. – Estamos
desarmados, mas talvez eles não o estejam.
– Se Lev ainda não tinha sido avisado, agora já o foi. O que é que fazemos?
Harry esfregou a ligadura ensopada do pescoço. Os mosquitos já o tinham
conseguido picar.
– Mudamos para o plano B.
– Oh? E qual é esse?
Harry olhou para Beate e perguntou-se como é que era possível que ela não
tivesse uma gota de suor na testa, enquanto ele transpirava como uma goteira
rota.
– Vamos à pesca.
O pôr do Sol foi rápido, mas era uma palete de todas as tonalidades de
vermelho existentes no espectro solar. Mais alguns tons, pensou Muhammed,
ao olhar para o Sol que acabara de se derreter no horizonte como uma noz de
manteiga numa frigideira.
No entanto, o alemão à sua frente não estava interessado no pôr do Sol.
Acabara de dizer que daria mil dólares a qualquer pessoa que o ajudasse a
encontrar Lev Grette ou Roger Person. Muhammed importar-se-ia de
transmitir o valor da recompensa? Os informadores interessados podiam
dirigir-se ao quarto 69 do Hotel Vitória, disse o alemão antes de sair da ahwa
com a mulher pálida.
As andorinhas voavam enlouquecidas quando os insectos saíam para a sua
curta dança nocturna. O Sol fundira-se numa polpa vermelha e líquida sob a
superfície do mar, e dez minutos depois estava escuro.
Uma hora depois, quando Roger apareceu a praguejar, estava pálido sob o
bronzeado.
– Graxista de ciganos – murmurou a Muhammed, e disse que já ouvira falar
da enorme recompensa no bar do Fredo e saíra de imediato. A caminho da
ahwa enfiara a cabeça no supermercado, onde Petra lhe dissera que o alemão
e a mulher loura tinham estado duas vezes. Da última vez tinham comprado
uma linha de pesca; não tinham feito perguntas.
– Para que é que eles querem aquilo? – perguntou, a lançar olhares rápidos