– Não me contaste.
– É uma loja de fechaduras. Há sempre polícias por ali!
As luzes mudaram para verde. Waaler buzinou ao carro à sua frente.
– Ok, falamos disso mais tarde. Onde é que estás agora?
– Estou numa cabine telefónica em frente de... hm... dos tribunais. – Riu-
se num tom nervoso. – E não gosto disto por aqui.
– Tens alguma coisa no teu apartamento que não deveria lá estar?
– Está limpo. Todo o equipamento está no chalé.
– E tu? Estás limpo?
– Sabes bem que já não me meto nisso. Vens-me buscar ou não? Foda-se,
estou todo a tremer.
– Tem calma, Valete. – Waaler calculou quanto tempo iria demorar a lá
chegar. Tryvann. Quartel-general da Polícia. Centro da cidade. – Pensa nisto
como se fosse um assalto a um banco. Dou-te um comprimido quando aí
chegar.
– Já te disse que me deixei disso. – Hesitou. – Não sabia que andavas com
comprimidos, Príncipe.
– Sempre.
Silêncio.
– O que é que tens?
– Os braços da mãe. Rohypnol. Tens a Jericho que te dei?
– Sempre.
– Óptimo. Agora ouve com atenção. Vamo-nos encontrar no cais a leste do
terminal de contentores. Estou bastante longe, por isso vais ter de me dar
quarenta minutos.
– Estás a falar de quê? Tens de vir, por amor de Deus! Agora!
Waaler ouviu a respiração a crepitar-lhe contra a membrana, mas não
respondeu.
– Se eles me apanharem, cais comigo. Espero que percebas isso, Príncipe.
Vou cantar, se não me conseguir safar disto. Nem penses que vou arcar com
as tuas responsabilidades, se tu...
– Isso soa-me a pânico, Valete. E neste momento, não precisamos de