posteriores iriam demonstrar que a distância exacta era de trinta e quatro.
Waaler carregou a Glock 20 – tinha-a solicitado e recebido uma autorização
especial para a poder transportar – e, depois de tirar uma lanterna eléctrica
grande e preta enfiada entre os assentos da frente, saiu do carro. Gritou ao
começar a avançar em direcção ao homem. Naquele ponto do relatório, iria
haver uma grande discrepância entre os dois polícias. No relatório de Waaler,
ele gritara: «Polícia! Vamos vê-las!», o que significava: «Levanta as mãos
acima da cabeça.» O promotor público concordara que era razoável presumir
que um ex-condenado com várias sentenças estaria familiarizado com aquele
tipo de calão. E o inspector Waaler declarara claramente que era da polícia.
No relatório original de Thommesen, Waaler gritara: «Olá, é o teu amigo da
polícia. Vamos vê-la.» Contudo, depois de algumas consultas entre Waaler e
Thommesen, este acabara por dizer que era provável que a versão de Waaler
estivesse mais próximo da verdade.
Não houve qualquer discrepância quanto àquilo que aconteceu a seguir. O
homem debaixo do candeeiro reagiu enfiando a mão dentro do blusão e
tirando uma arma que, se viria a descobrir, ser uma Glock 23 com o número
de série raspado e assim impossível de encontrar o rasto. Waaler (segundo a
SEFO^9 , um dos melhores atiradores das forças policiais) gritara e disparara
três tiros numa sequência rápida. Dois atingiram Alf Gunnerud. Um no ombro
esquerdo, o outro na anca. Nenhum deles fora fatal, mas lançaram Gunnerud
de costas contra o chão e fora aí que ele ficara. Waaler correu até junto de
Gunnerud de arma levantada e a gritar: «Polícia! Não toques na arma ou
disparo! Não toques na arma, já disse!»
A partir daquele ponto, o relatório de Stein Thommesen tinha muito pouco
a dizer já que ele se encontrava a trinta e quatro metros de distância, estava
escuro, e a acrescentar a isto, Waaler estava na sua linha de visão. Por outro
lado, não havia nada no relatório de Thommesen – ou nas provas encontradas
no local – que contradissesse os acontecimentos que se seguiram conforme
descritos no relatório de Waaler: Gunnerud agarrou na arma e apontou-lha
apesar dos avisos, e Waaler conseguiu disparar primeiro. A distância entre os
dois foi calculada entre os três e cinco metros.
Vou morrer. E não faz sentido. Estou a olhar para o cano fumegante de uma
arma. Não era esse o plano, ou pelo menos não o meu plano. No entanto,
pode ter sido nesta direcção que me estive sempre a encaminhar. Mas não era
o meu plano. O meu plano fazia sentido. A pressão da cabine está a cair e
uma força invisível pressiona-se no interior dos meus tímpanos. Alguém
inclina-se sobre mim e pergunta-me se estou pronto. Estamos agora a aterrar.