Maeve Haran - A Dama do Retrato PT (2013)

(Carla ScalaEjcveS) #1

Posfácio


A corte da Restauração vivia fascinada pela questão: ter-se-ia Frances Stuart alguma vez
entregado a Carlos II? Ninguém conseguia acreditar que ele a tivesse amado de forma tão
obsessiva durante cinco anos e que, mesmo assim, La Belle Stuart houvesse resistido,
independentemente de tudo o que ele lhe oferecia.
O mexeriqueiro Pepys, embora admirasse a sua beleza, não foi capaz de decidir se Frances
era uma «rameira astuta» que esperava pela oportunidade de ser rainha ou uma mulher virtuosa.
No final, quando soube que Frances devolvera as joias ao rei, concluiu que aquela era «a mais
nobre história de amor» e Frances o maior «exemplo de uma dama corajosa de que alguma vez
ouvi falar».
John Evelyn, um comentador de sentimentos mais elevados, também acreditava que ela era
honrada. Outro assunto amplamente discutido na corte era se Carlos se divorciaria da rainha
para casar com Frances.
Os seus contemporâneos tinham dificuldade em acreditar que ela tivesse escolhido o duque
de Richmond, preterindo o rei, e suspeitavam que se casara com ele por interesse, mas as cartas
que Frances escreveu ao marido revelam outra história.
«Oh, meu querido, se me amas, tem cuidado contigo», escreveu três meses depois de se
casarem, terminando a carta da seguinte forma: «Concluo que sou a mulher mais feliz que
alguma vez nasceu por ter o coração do meu Lorde, a única alegria da minha vida; preferiria
morrer a perdê-lo.» Mesmo tendo em conta a linguagem vívida do século XVII, o sentimento é
claro. Frances amava o seu homem.
Viveram sempre com escassez de dinheiro e o marido participou em várias missões
diplomáticas. Enquanto ele estava fora, Frances mantinha-se em constante contacto com ele,
narrando-lhe o progresso das obras da casa, Cobham Hall. Uma das suas cartas tem um toque
deliciosamente moderno: «Contratei o pintor que mencionaste para pintar o quarto. Está quase
pronto [...] Se soubesses como é difícil arranjar trabalhadores nesta altura e como são
preguiçosos os que temos aqui, tenho a certeza de que partilharias a minha opinião.» Há coisas
que nunca mudam!
Mall Villiers (finalmente Howard) viveu feliz com o seu «Tom Nortenho» e, apesar das
diferenças de idade e posição, foram descritos por um observador contemporâneo como «o

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