A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

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GRAYSWOOD, SURREY


Uzi Navot, diretor do serviço de inteligência israelense, chegou à
casa segura em Grayswood às sete e vinte do dia seguinte, enquanto uma
cinzenta aurora de dezembro raiava sobre as árvores desfolhadas do Knobby
Copse. A primeira pessoa que ele encontrou foi Christopher Keller,
perseguindo uma bolinha de pingue-pongue, após um ponto decisivo de
Yaakov. O placar estava oito a cinco para Yaakov, mas Keller já se
aproximava.
— Quem é você? — perguntou Keller, ao ver o carrancudo homem
de óculos no hall de entrada.
— Não lhe interessa — retrucou Navot.
— Nome estranho. É hebraico, certo?
Navot franziu a testa.
— Você deve ser Keller.
— É, devo ser.
— Onde está Gabriel?
— Ele foi a Guildford com Chiara.
— Por quê?
— Porque nós comemos todo o peixe do lago.
— E quem está no comando?
— Os internos.
Navot sorriu.
— Não mais.
Após a chegada pouco ortodoxa de Navot, a equipe entrou em modo
de guerra. Seria uma guerra não declarada, como todos os seus conflitos,
travada em território hostil, contra um inimigo maior e mais capacitado. O
Escritório é considerado um dos melhores serviços de inteligência do
mundo, mas não chega a ser páreo para a irmandade da espada e do
escudo, herdeira de uma orgulhosa e sanguinária tradição. Por mais de
setenta anos, a KGB protegeu implacavelmente o comunismo soviético
contra inimigos reais ou percebidos como tal, agindo também na vanguarda
do Partido no exterior, recrutando e plantando milhares de espiões por todo
o planeta. Seu poder chegou a ser quase ilimitado, quase fazendo da KGB
um Estado dentro do Estado. Após o colapso da União Soviética, ela tornou-
se o Estado. E a Volgatek era a sua companhia petrolífera.

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