A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

“Você primeiro.” Madeline passou por ele sem dizer nada e seguiu para o
quarto ao fim do corredor. Uma das portas se abriu quando ela se aproximou.
Gabriel a puxou para dentro.
— Quem é você? — perguntou ela.
— Não posso dizer.
— Para onde estou indo?
— Você saberá em breve.
Dois minutos depois, a atualização de progresso piscou nos monitores
do Centro de Operações do King Saul Boulevard. Navot a encarou por um
instante, quase incrédulo. Em seguida, olhou para Shamron.
— Eles realmente conseguiram, Ari. Estão com ela.
— Isso é bom — comentou Shamron, sem alegria. — Agora vejamos
se conseguem ficar com ela.
Ele acendeu outro cigarro.
Duas voltas para a direita, duas voltas para a esquerda...
Escureceram o cabelo e as sobrancelhas de Madeline e deram ao seu
rosto um bronzeado mediterrâneo. Mordecai tirou uma foto dela e colocou-a
no passaporte que Madeline usaria para sair do país. Por enquanto, ela seria
liana Shavit. Tinha nascido em outubro de 1985 e vivia no subúrbio de Tel
Aviv, em Rishon LeZion, que por acaso era um dos primeiros assentamentos
judeus da Palestina. Antes de se juntar à El Al, ela servira nas Forças
Armadas de Israel. Era casada, mas não tinha filhos. Seu irmão morrera na
última guerra do Líbano. A irmã fora assassinada por um homem-bomba do
Hamas durante a Segunda Intifada. Essa não era uma vida totalmente
inventada, disse-lhe Gabriel. Era uma vida israelense. E por algumas horas
seria a vida de Madeline.
Se havia um defeito em sua armadura, era a inabilidade de falar mais
do que algumas poucas palavras hebraicas aprendidas às pressas. Essa
fraqueza foi amenizada até certo ponto porque o seu inglês não tinha
qualquer traço de sotaque russo e a tripulação passaria toda junta pelo
controle alfandegário. Provavelmente seria uma formalidade vazia, pouco
mais do que uma olhada na fotografia e um aceno para seguir em frente.
Gabriel estava bastante confiante de que Madeline resistiria ao impulso de
responder a uma pergunta feita em russo. Ela passara a vida inteira fazendo
isso. Só precisava contar mais uma mentira, fazer uma última performance.
E, então, ficaria livre deles para sempre.
Pouco depois das cinco da tarde, as garotas tiraram as últimas roupas

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