esfriou o suficiente para fazê-la estremecer.
— Acha que devemos voltar? — perguntou ele.
— Ainda não.
Gabriel tirou sua jaqueta e a colocou por cima dos ombros dela.
— Vou dizer algo que provavelmente não deveria: em breve serei o
diretor da inteligência israelense.
— Parabéns.
— “Meus pêsames” seria uma resposta mais adequada. Mas isso
significa que vou ter o poder de cuidar de você. Vou dar um bom lugar para
você viver. Uma família. Disfuncional, é verdade, mas a única família que
eu tenho. Vamos lhe dar um país. Um lar. É isso que fazemos em Israel:
damos um lar às pessoas.
— Eu já tenho um lar.
Ela não disse mais nada. O sol mergulhou no horizonte e ela sumiu
em meio à escuridão.
— Fique — pediu Gabriel. — Fique aqui conosco.
— Eu não posso ficar. Eu sou Madeline. Sou uma garota inglesa.
Na noite seguinte, ocorreria a festa de abertura da exposição dos
Pilares de Salomão no Museu de Israel, em Jerusalém. O presidente e o
primeiro-ministro estavam na lista de convidados, assim como os membros
do gabinete, a maior parte do Knesset e inúmeros escritores, artistas e
celebridades. Chiara foi uma das oradoras da cerimônia, realizada no recém-
construído saguão de exibição. Ela não mencionou o fato de que seu marido,
o lendário espião Gabriel Allon, tinha descoberto os pilares, nem que a linda
jovem de cabelos escuros ao seu lado era, na verdade, uma garota inglesa
morta chamada Madeline Hart. Os dois omitidos ficaram só alguns minutos
no coquetel, então foram de carro ao outro lado de Jerusalém, até um
restaurante tranquilo no velho campus da Academia Bezalel de Artes e
Design. Em seguida, enquanto caminhavam pela rua Ben Yehuda, Gabriel
perguntou novamente se Madeline queria ficar em Israel, mas a resposta foi
a mesma. Ela passou a última noite na cidade no quarto de hóspedes do
apartamento de Gabriel, na rua Narkiss, o quarto que fora idealizado para
uma criança. No início da manhã seguinte, eles foram até o Ben Gurion em
meio às trevas e embarcaram num voo para Londres.