A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Achei que valia tentar.
— Quando vou vê-lo de novo?
— Só tenho sete dias para encontrá-la.
— Seis — ela o corrigiu. — Em seis dias a garota morre.
Chiara lhe deu um beijo suave. Em seguida, virou-se e atravessou o
jardim ensolarado, os quadris balançando como se seguissem o ritmo de uma
música que só ela conseguisse ouvir. Gabriel a observou entrar na construção
coberta pela lona. Agora, a última coisa que ele queria fazer era deixar
Jerusalém em busca de uma garota desconhecida.
Ele voltou ao King David Hotel para recolher o resto do dossiê de
Graham Seymour: o bilhete de exigências que não continha nenhuma
exigência, o DVD da confissão de Madeline e as duas fotos do homem de
Les Palmiers em Calvi. Além disso, requisitou uma cópia do arquivo pessoal
de Madeline no Partido, a ser entregue em um endereço em Nice.
— Como foi com Chiara? — perguntou Seymour.
— A esta altura, meu casamento pode estar pior que o de Lancaster.
— Algo que eu possa fazer?
— Saia da cidade o mais rápido possível. E não mencione meu nome
para o seu primeiro-ministro nem para qualquer outra pessoa na Downing
Street.
— Como posso entrar em contato com você?
— Mando um sinal de fumaça quando tiver notícias. Até lá, eu não
existo.
Com essas palavras, Gabriel partiu. Voltando para a rua Narkiss,
encontrou um cinto de dinheiro na mesa de centro com 200 mil dólares. Ao
lado, havia uma passagem de avião, de um voo das 16 horas para Paris. A
reserva fora feita no nome de Johannes Klemp, uma de suas identidades
falsas favoritas. Gabriel entrou no quarto e encheu uma pequena bolsa de
viagem com as roupas modernas de Herr Klemp, separando um terno e um
casaco pretos para o voo. Então, em frente ao espelho do banheiro, fez
algumas alterações sutis em sua própria aparência: um pouco de grisalho no
cabelo, óculos alemães sem aro, lentes de contato castanhas para esconder os
característicos olhos verdes. Em poucos minutos, mal reconhecia o rosto no
reflexo. Ele não era mais Gabriel Allon, o anjo vingador de Israel, mas
Johannes Klemp, de Munique, um homem sempre pronto a se ressentir —
pequeno, insignificante e carrancudo.
Depois de vestir o terno e passar a fragrância tenebrosa de Herr

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