— A macchia não tem olhos — comentou o don, misterioso.
— Eu preciso do nome dele — insistiu Gabriel, baixinho. — Ele
nunca vai saber onde eu o obtive.
Orsati pegou a taça de vinho e a ergueu contra o sol.
— Se eu fosse você — disse, depois de um instante falaria com um
homem chamado Marcel Lacroix. Talvez ele saiba algo sobre o lugar para
onde a garota foi depois que saiu da Córsega.
— Onde eu posso encontrá-lo?
— Marselha. Ele deixa o barco no Velho Porto.
— Qual lado?
— O sul, em frente à galeria de arte.
— Qual é o nome do barco?
— Moondance.
— “Dança da Lua”? Simpático.
— Garanto que não há nada de simpático a respeito de Marcel
Lacroix ou dos homens para quem ele trabalha. Você precisa ser cuidadoso
em Marselha.
— Você pode achar estranho, Don Orsati, mas eu já fiz isso uma ou
duas vezes.
— É verdade. Mas você deveria estar morto há muito tempo. —
Orsati passou o talismã para Gabriel. — Coloque isso no pescoço. Afasta mais
do que só o mau-olhado.
— Na verdade, eu estava me perguntando se você tem algo um
pouco mais poderoso.
— Como o quê?
— Uma arma.
O don sorriu.
— Eu tenho algo melhor do que uma arma.
Gabriel seguiu pela rua até ela virar uma estrada de terra e, então, foi
um pouco mais além. O bode velho estava exatamente onde Don Orsati
tinha dito que estaria, bem antes da curva fechada à esquerda, à sombra das
três oliveiras centenárias. Quando Gabriel se aproximou, ele se ergueu e
ficou no meio da passagem estreita, como se desafiasse o estranho a tentar
passar. Tinha o corpo meio dourado e branco e uma barba vermelha. Assim
como Allon, carregava cicatrizes de antigas batalhas.
Ele avançou o carro alguns centímetros, tentando fazer o bode
entregar sua posição sem briga, mas o animal manteve-se firme. Gabriel
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1