— Você ainda tem o telefone que usou?
Lacroix assentiu e recitou o número associado ao aparelho.
— Ele ligou?
— No oitavo dia.
— O que ele falou?
— Me pediu para buscá-lo na manhã seguinte, na enseada que fica
bem ao sul de Capo di Feno.
— A que horas?
— Três da madrugada.
— Como ficou combinado?
— Ele queria que eu deixasse um bote na praia e o esperasse no mar.
Gabriel ergueu os olhos para a ponte de comando, de onde Keller
observava o interrogatório. O Inglês aquiesceu, como se confirmando que de
fato há uma enseada em Capo di Feno e que o cenário descrito por Lacroix
era perfeitamente plausível.
— Quando você chegou à Córsega? — perguntou Gabriel.
— Alguns minutos após a meia-noite.
— Estava sozinho?
— Sim.
— Tem certeza?
— Sim, eu juro.
— A que horas você deixou o bote na praia?
— Às duas.
— Como você voltou para o Moondance?
— Fui andando — brincou Lacroix. — Como Jesus.
Gabriel arrancou o piercing da orelha direita de Lacroix.
— Foi só uma piada — alegou o francês, arquejante, com sangue
fluindo do lóbulo arruinado.
— Se eu fosse você — retrucou Gabriel não estaria fazendo piadas
sobre o Senhor num momento destes. Eu faria o possível para conseguir cair
nas graças Dele.
Gabriel olhou de novo para a ponte de comando e viu que Keller
tentava conter um sorriso. Em seguida, mandou Lacroix descrever os
eventos que se seguiram. Paul, disse o francês, chegara bem na hora, às três
em ponto. Lacroix tinha visto um único veículo, um pequeno modelo com
tração nas quatro rodas, descendo aos solavancos a pista íngreme do topo da
colina até a enseada, só com as luzes de freio acesas. Então, ouviu o barco se
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1