A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

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LUBÉRON, FRANÇA


O vilarejo mais próximo tinha apenas uma terrível acomodação para
pernoites, então eles dirigiram até Apt e fizeram check-in num pequeno
hotel dentro do perímetro do centro antigo. O salão de refeições estava
vazio e | havia apenas um garçom idoso servindo. Eles comeram em mesas
separadas * e andaram pelas ruas silenciosas e escuras até a velha Basílica de
Santa Ana. A construção em forma de domo cheirava a fumaça de velas e
incenso, com um toque de mofo. Gabriel analisou o retábulo com a cabeça
ligeiramente inclinada para o lado, em seguida se sentou ao lado de Keller
em frente a uma série de velas votivas com chamas suaves. O Inglês estava
curvado e pressionava a ponte do nariz com o dedão e o indicador.
— Ela estava certa mesmo... — disse ele num sussurro penitente.
— Quem?
— A signadora.
— Talvez eu esteja enganado — falou Gabriel, erguendo os olhos
para a cúpula mas não me lembro de a signadora mencionar qualquer coisa
sobre uma casa num vale agrícola no Lubéron.
— Mas ela mencionou o mar e as montanhas.
— E...?
— Eles a trouxeram pelo mar e a estão escondendo nas montanhas.
— Ou talvez já a tenham levado para outro lugar. Talvez ela já esteja
morta.
— Meu Deus — sussurrou Keller. — Por que você é sempre tão
pessimista, porra?
— Lembre-se onde você está, Christopher.
Keller se levantou, andou até as velas votivas e acendeu uma. Ele já
ia voltar para o banco, quando viu Gabriel encarando a urna de doações.
Então, tirou algumas moedas do bolso e depositou-as uma a uma na fresta. O
som pareceu ecoar pelo domo ainda muito depois de Keller voltar a sentar.
— Você passa muito tempo em igrejas católicas? — perguntou ele.
— Mais do que você imagina.
Keller retomou sua posição de reflexão penitente. O vidro vermelho
das velas votivas projetou uma luz rósea sobre seu rosto.

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