A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

decorações do Oriente Médio muito finos. Graham levantou-se, sorriu e estendeu a
mão. Viam-se um ao outro da forma que apenas os homens de constituição idêntica
conseguem. Graham Seymour era o negativo de Michael. Este tinha pele cor de
azeitona e Graham era pálido. Michael tinha cabelo escuro e olhos verdes, e
Graham era louro e de olhos cinzentos. Michael vestia terno marinho e Graham
estava pronto para um safari, com calças e camisa caqui.
Sentaram-se e falaram sobre os velhos tempos. Tinham percursos de vida
quase idênticos. À semelhança de Michael, também o pai de Graham trabalhara
para os serviços secretos: na operação Double Cross do MI5 durante a guerra, e
depois no MI6, durante vinte e cinco anos. Tal como Michael, também Graham
seguiu o pai de comissão em comissão, e entrou para os Serviços Secretos logo
após se ter formado em Cambridge. Ao longo dos anos, os dois homens tinham
trabalhado em conjunto, embora Graham sempre tivesse operado com cobertura
oficial. Desenvolveram respeito profissional e uma amizade pessoal. Com efeito,
eram mais chegados do que ambos os serviços gostariam.
O cheiro do cozinhado de Helen chegou até a sala.
─ O que está ela a fazer? ─ perguntou Michael, à cautela.
─ Paella ─ respondeu Graham, com um franzir de cenho. ─ Talvez devesses
ir à farmácia antes que feche.
─ Eu fico bem.
─ Dizes isso agora, mas nunca provaste a paella da Helen.
─ É assim tão má?
─ Não quero estragar a surpresa. Talvez seja melhor beberes mais um
pouco de vinho.
Graham desceu à cozinha e regressou momentos depois com copos cheios
de Bordéus branco.
─ Fala-me sobre o Colin Yardley. Graham fez um esgar.
─ Aconteceu uma coisa estranha há dois meses. Um traficante de armas
chamado Farouk Khalifa decidiu instalar-se em Paris. Descobrimos o caso e
informamos os nossos amigos franceses, que colocaram o senhor Khalifa sob
vigilância. ─ Foi um gesto simpático por parte dos franceses. Ele vende armas a
pessoas de que não gostamos.
─ É um homem mau.
─ É um homem muito mau. Abriu o bazar e começou a receber clientes. Os
franceses fotografam toda a gente que entra e sai.
─ Estou vendo o filme.
─ Em Setembro, um homem faz uma visita ao senhor Khalifa. Os franceses
não conseguem identificá-lo, mas desconfiam que seja britânico, por isso enviam-

Free download pdf