A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

A uma hora da costa leste dos Estados Unidos, Fareed acordou suavemente, como se
um mordomo invisível tivesse batido de leve no ombro dele. Levantando-se, foi aos
aposentos privativos de Vossa Majestade, onde se barbeou, tomou banho e colocou um
terno e uma gravata novos. Os tripulantes trouxeram para ele um generoso café da
manhã inglês. Ele levantou a tampa do bule de chá e farejou. O Earl Grey tinha sido
preparado da forma como ele desejava.
— Nada para você? — perguntou o jordaniano enquanto se servia de chá.
— Comi um lanche enquanto você dormia — mentiu Gabriel.
— Fique à vontade para usar as instalações de Vossa Majestade.
— Vou só roubar uma toalha como souvenir.
O avião pousou no Aeroporto Dulles em meio a uma chuva pesada de manhã e
taxiou até um hangar distante. Três SUVs pretas estavam esperando ali, junto com um
grande destacamento de seguranças americanos. Gabriel e Fareed entraram em um dos
veículos e foram levados no sentido leste pela Dulles Access Road até o Capital Beltway.
O campus de inteligência da Liberty Crossing, marco zero da rede de segurança nacional
de Washington após o 11 de Setembro, ocupava uma boa extensão de terra ao lado da
enorme rodovia. O destino deles, porém, ficava alguns quilômetros mais adiante na
Route 123. Era o Centro de Inteligência George Bush, também conhecido como sede da
CIA.
Depois de serem liberados no enorme posto de controle de segurança, seguiram para
uma garagem subterrânea e entraram em um elevador restrito, que os deixou no sétimo
andar do prédio original da sede. Um destacamento de segurança esperava no saguão
com painéis de madeira para ficar com os celulares deles. Fareed docilmente entregou seu
aparelho, mas Gabriel se recusou. Seguiu-se um breve impasse antes que ele recebesse
permissão de prosseguir.
— Por que eu não pensei nisso? — murmurou Fareed enquanto caminhavam
silenciosamente por um corredor densamente acarpetado.
— O que eles acham que eu vou fazer? Colocar um grampo em mim mesmo?
Foram levados a uma sala de reunião com vista para as matas ao longo do rio
Potomac. Adrian Carter estava esperando, sozinho. Usava um blazer azul e uma calça de
malha amassada, uma roupa de sábado de manhã para um espião. Parecia mesmo
irritado de ver seus dois principais aliados do Oriente Médio.
— Suponho que não seja uma visita social.
— Infelizmente, não — respondeu Gabriel.
— O que vocês têm?
— Uma passagem de avião, uma reserva de hotel e um carro alugado.
— O que tudo isso significa?
— Significa que o time da série B está prestes a cometer um enorme atentado
terrorista em solo americano.
O rosto de Carter ficou cinza. Ele não disse nada.
— Você me perdoa, Adrian?

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