A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1
— Diga para seus atiradores não errarem.

Quando o tunisiano chegou à saída da Route 123, o segundo Freightliner estava logo
atrás dele, exatamente onde deveria estar. Ele checou o relógio. Eram oito e cinco da
noite. Estavam um minuto adiantados, melhor que a alternativa, mas não ideal. O
relógio era a marca de Saladin, que acreditava que, no terror, como na vida, escolher o
momento preciso era essencial.
Seis vezes o tunisiano fizera simulações, e seis vezes o semáforo na Lewisville Road
atrapalhara temporariamente seu avanço, como agora. Quando a luz ficou verde, ele
serpenteou por uma via suburbana vagarosamente, seguido pelo segundo Freightliner.
Diretamente à frente ficava o cruzamento da Tysons McLean Drive. Novamente, o
tunisiano checou o relógio; eles estavam de volta ao horário previsto. Ele virou à
esquerda e o caminhão sobrecarregado subiu com dificuldade a ladeira do pequeno
morro.
Essa era a parte da abordagem pela qual o tunisiano nunca tinha dirigido, embora ele
e o jordaniano tivessem praticado em um sofisticado simulador computadorizado. A rua
dobrava gradualmente à esquerda e então, no topo de um morro, fazia uma curva
fechada à direita, que levava a um complexo posto de controle de segurança. Neste
momento, os guardas altamente treinados e pesadamente armados já estavam cientes de
sua presença. Os americanos tinham sido atacados por bombas escondidas em veículos
antes — nos quartéis da Marinha em Beirute, em 1983, e na Khobar Towers na Arábia
Saudita, em 1996 — e com certeza estavam preparados para um ataque do tipo nesta
instalação estratégica, o sistema nervoso do aparato de contraterrorismo. Mas,
infelizmente para os americanos, Saladin também estava preparado. Os blocos de motor
estavam envoltos em ferro-gusa, o para-brisa e os pneus eram à prova de balas. Exceto
por um ataque direto de um míssil antitanque, os caminhões eram imbatíveis.
O tunisiano esperou até fazer a primeira curva leve à esquerda antes de pisar no
acelerador. À direita, uma fila de cones laranja fluorescentes direcionava o trânsito para
uma só pista. O tunisiano não fez esforço algum para desviar deles, sinalizando, assim,
aos americanos que suas intenções não eram nada inocentes. Ele fez a curva fechada à
direita sem desacelerar e, por um instante, teve medo de que o caminhão fosse tombar.
Diante dele, vários seguranças americanos gesticulavam desesperadamente para ele parar.
Vários outros já mantinham suas armas apontadas para ele. De repente, ele foi cegado
por uma luz branca cortante — luz voltaica, talvez um laser.
Então, vieram os primeiros tiros. Eles ricochetearam no para-brisa como granizo. O
tunisiano segurou o volante com a mão esquerda e o detonador com a direita.
— Em nome de Alá, o Clemente, o Misericordioso...

Free download pdf