C A P Í T U L O 5
NÃO TENTAM AGRADAR
TODO MUNDO
Preocupe-se com o que os outros pensam, e você será sempre prisioneiro deles.
- LAO TZU
Megan entrou em meu consultório procurando ajuda porque estava estressada e sobre-
carregada. Disse que não havia horas suficientes no dia para realizar tudo o que precisava.
Aos 35 anos, era casada e tinha dois filhos. Trabalhava meio período, dava aulas na es-
cola dominical e era líder do grupo de escoteiras. Esforçava-se para ser boa esposa e mãe,
mas achava que não fazia o bastante. Era comum ficar irritadiça e rabugenta com a família
sem saber ao certo por quê.
Quanto mais Megan falava, mais ficava claro que ela era uma mulher que não sabia dizer
não. Membros da igreja telefonavam no sábado à noite para lhe pedir que fizesse um bolo para
as atividades no domingo de manhã. Pais do grupo de escoteiras às vezes dependiam dela
para levar suas filhas para casa quando ficavam presos no trabalho.
Muitas vezes Megan também ficava de babá para os filhos de sua irmã, para que ela
economizasse. Tinha, ainda, uma prima que solicitava favores e sempre vinha com um pro-
blema de última hora, desde falta de dinheiro a ajuda para reformar a casa. Ultimamente, Me-
gan parara de atender as ligações da prima, porque sabia que ela sempre queria lhe pedir al-
go.
Megan me contou que sua regra número um era jamais dizer não para a família. Assim,
quando a prima ou a irmã pediam um favor, aceitava automaticamente. Quando perguntei que
impacto isso tinha sobre seu marido e seus filhos, ela respondeu que às vezes não chegava a
tempo para o jantar ou para colocar as crianças na cama. Só admitir isso em voz alta já fez
Megan perceber que dizer sim para os parentes significava dizer não para sua família imedia-
ta. Embora valorizasse a família como um todo, seu marido e seus filhos eram a maior priori-
dade, e ela decidiu que devia começar a tratá-los como tal.
Também falamos sobre sua necessidade de que todos gostem dela. Seu maior temor era
que as pessoas pensassem que ela era egoísta. No entanto, depois de algumas sessões de
terapia, percebemos que sua necessidade de ser querida era na verdade muito mais egoísta
que dizer não a alguém. Ajudar as pessoas não tinha a ver com melhorar a vida delas. Em
grande parte, ela estava cedendo porque queria ser tida em alta estima. Quando mudou o mo-
do como pensava em agradar as pessoas, ela se tornou capaz de rever seu comportamento.
Megan precisou de um pouco de prática para começar a dizer não. Na verdade, nem sa-
bia direito como fazer isso. Ela achava que precisava de uma desculpa, mas não queria mentir.
Eu a encorajei a apenas dizer: “Não, não posso fazer isso”, sem dar uma longa explicação. Ela
começou a exercitar dizer não e quanto mais o fazia, mais fácil ficava. Pensava que as pesso-
as ficariam ressentidas com ela, mas logo notou que elas não pareciam se importar. Quanto
mais tempo passava com a família,menos irritadiça se sentia. Seu nível de estresse diminuiu e,
depois de dizer não algumas vezes, Megan passou a se sentir menos pressionada a agradar
os outros.