Dois anos depois, em junho de 1977, estávamos - eu e o mesmo Chefe do EME - nos festejos
comemorativos do Dia da Artilharia, em Brasília. O Presidente da República olhava os quadros que
ornamentavam os salões do 320 Grupo de Artilharia de Campanha, onde ocorriam as solenidades.
Em dado momento, deparamo-nos com uma bonita e recente fotografia do forte de Coimbra, célebre
pela resistência oferecida à invasão paraguaia, em dezembro de 1864. Desejando prestar
esclarecimentos ao presidente, o general Fritz Manso informou que alguns recursos tinham sido
empregados na recuperação do forte, para conservá-lo, cenário que fora de gloriosas ações de
nossos antepassados. Esmerava-se em citar as medidas tomadas com aquele objetivo quando o
presidente, interrompendo-o, exclamou: "Está aí, e apontou para a fotografia, é a mania da tradição,
no Exército! Nisto vãose os recursos..." O general Fritz calou-se; no entanto, eu, em tom de
discordância, disse-lhe que nações seculares, como as européias, incentivavam o culto do passado,
como insuperável forma de aquecimento cívico. Prosseguindo, lembrei-lhe que o presente nada mais
será do que o passado do futuro. Não obtive resposta e o passeio continuou pelas dependências da
Unidade. Considerei inaceitável, para um homem de formação militar, a observação presidencial.
Abandonando a digressão, voltamos à inspeção realizada no 111 Exército.
Em Santa Maria, como em Uruguaiana, o mesmo ambiente de trabalho e compreensão. Nesta
cidade fronteiriça soube pelo Comandante do Batalhão de Engenharia de Combate, localizado em
Alegrete, que o material moderno de duas Companhias de Equipagem de Pontes, recentemente
distribuído à sua Unidade, corria o risco de desgaste prematuro, exposto que estava à intempérie por
não terem sido construídos os pavilhões para abrigá-lo. Esclareceu que ao relento, coberto com
lonas, breve estaria indisponível. Atribuiu ao elevado orçamento apresentado pelos órgãos de
engenharia do Exército a demora da construção. Referindo-se ao custo previsto, julgou-o, em sua
apreciação de oficial de Engenharia, extremamente excessivo, declinando de apreciar as razões deste
fato. Afirmou que se dispusesse de uma quantia de 700 mil cruzeiros - praticamente um quarto do
custo oficialmente estimado - faria as construções necessárias. Ainda de Uruguaiana dei ordem para
abertura deste crédito, pelo Fundo do Exército, destinando-o ao Comandante do 12° Batalhão de
Engenharia de Combate. Os pavilhões foram construídos e o material alojado, em condições muito
boas de tempo e instalações.
As Comissões Regionais de Obras (CRO), embora constituídas de oficiais capazes e dignos, não
tinham condições físicas, em virtude de seus pequenos efetivos, para cumprir em áreas extensas todas
as suas missões. Atribuir-lhes a fiscalização das obras, liberando-as das responsabilidades
administrativas das construções, não só acelerava as tarefas como reduzia-lhes o custo.
Adotei, e estou convencido de que foi a melhor solução, este tipo de descentralização, que
consistia em entregar, diretamente, aos comandantes ou diretores das Organizações Militares a
quantia solicitada para as obras de recuperação e ampliação de seus quartéis, dando-lhes as CRO o
apoio técnico indispensável.
Quem melhor zelaria pelo aproveitamento do crédito, seria mais rigoroso na fiscalização ou mais