IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

falecimento do jornalista, apurar responsabilidades e levar os criminosos, caso existissem, às barras
dos tribunais. Um general, escudado num passado de dignidade e energia, estava à frente do
inquérito, agindo sem procrastinações.


Por que, então, acoimar militares de frios matadores, com base em indícios inconsistentes e
informações solertes, forjados com o flagrante intuito de intranqüilizar a nação?


Seremos nós capazes de infringir torturas a nossos semelhantes para obter informações?

A resposta está no nosso proceder histórico, no sentido democrático de nossa formação - que nos
faz ver a Força na Lei e não a Lei na Força - e no respeito que temos à vida e à dignidade alheias.


Perambulam em todas as coletividades homens que, marginalizados dos princípios morais,
aventureiros das oportunidades, liberam nos momentos de crises suas taras e seus complexos.
Expurgá-los de uma comunidade é um inevitável imperativo de defesa. O Exército foi, por seus
regulamentos, normas e destinação, sempre cioso dos postulados de honra que definem a mentira
como fraqueza moral, vêem na violência a covardia dos fortes e ensinam a fraternidade como a forma
infalível de criar a estima e o respeito recíprocos entre os homens; não poderia acoitar nas casernas -
escolas de civismo - energúmenos que negassem estas idéias.


Todas as instituições tiveram desses quistos e extirparam-nos; contudo, nenhuma delas se
mostrou mais zelosa em fazê-lo do que o Exército.


Aquelas acusações precipitadas, frutos de um condicionamento mental habilmente criado pelos
eternos e irresponsáveis contestadores, através de um bem montado sistema de comunicação social,
visavam, na realidade, a desmoralizar o Exército e seus chefes, afastando-os do combate aos
obstinados perturbadores da ordem. As Forças Armadas, no entanto, jamais deixarão de combatê-los,
visto que somente aos beneficiários da desordem pode interessar a destruição da ordem. É, além
disto, uma de suas missões constitucionais.


Nesse clima de intranqüilidade e retaliações ergue-se, no Senado Nacional, regulada pelo
mesmo diapasão, a voz do senador Franco Montoro para, numa dialética de inversões,
responsabilizar o governo pelas agitações de São Paulo. O senador Paulo Brossard, aparteando o
orador, diz, referindo-se à situação na capital paulista:<... É o ambiente de terrorismo, o clima de
terrorismo que existe hoje, graças à ação de autoridades."


Roberto Saturnino Braga, representante do estado do Rio de janeiro, contrariando os fatos,
também aparteou: "... Corre já a versão, a sinistra interpretação de que a escalada da repressão
corresponde à escalada do processo de subversão. O que está se tornando evidente a toda a Nação é
que não existe escalada nenhuma, no processo de subversão. O que existe é a escalada da gravidade
da situação econômica, que vai, realmente, colocando o País diante de um problema de solução cada
vez mais difícil..."

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