IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

consegue assimilar esse espírito e costuma guardar rancor de seus inimigos passados e potenciais.."


Em maio de 1979, quando Fidel Castro visitou o México, o correspondente da revista Veja
entrevistou-o. Dessa entrevista destaco uma pergunta do jornalista com a decorrente resposta:



  • Há dias a chancelaria brasileira anunciou a disposição de enviar uma delegação à reunião dos
    países não-alinhados que se realizará em Havana em setembro próximo. Como o senhor vê
    atualmente a possibilidade de reatamento de relações diplomáticas entre Cuba e Brasil?


-Acho engraçado isso. Afinal, Cuba não é nenhuma noiva que sai por aí buscando um amante.
Não se trata, além do mais, de o Brasil querer ou não reatar relações. É preciso que Cuba
também queira. Nós cubanos veríamos com grande prazer qualquer sinal de que o Brasil comece
a mudar de posição; que haja, por exemplo, menos repressão, mais apoio aos movimentos de
libertação pelo mundo, que o Brasil apóie a luta do povo sul-africano contra o racismo. Alegrar-
me-ia muito se tudo isso acontecesse. Mas, enquanto o Brasil continuar sendo o gendarme do
Império (os Estados Unidos) no Cone Sul, nada feito. Se tudo isso acontecer algum dia, então
sim. Olhe, não estamos desesperados para que isso aconteça. Para nós é muito mais importante
(reatar com) os EUA e no entanto há vinte anos não temos relações com eles. Apesar disso
estamos muito saudáveis.`

Esta declaração ocorreu um mês depois de Azeredo da Silveira ter feito a sua perante o Senado.
A linguagem afrontosa do ditador Fidel Castro repelia qualquer espírito de tolerância ou conciliação
que não se confundisse com subserviência ou covardia.


O RECONHECIMENTO DA REPÚBLICA DE ANGOLA


A questão de Angola não pode ser encarada isoladamente, mas sim no contexto dos acontecimentos
africanos, para que se possa bem aquilatar a responsabilidade e o facciosismo do nosso governo,
reconhecendo a sua independência, no mesmo dia - 11 de novembro de 1975 - em que foi declarada
pelos angolanos comunistas e seus comparsas cubano-soviéticos.


Este propósito leva-nos a um exame mais cuidadoso, embora superficial - como recomenda o
caráter deste trabalho - das tentativas de domínio da África e da situação topopolítica de suas
colônias. É muito interessante fazê-lo porque aquele continente é o único de cujos bordos pode-se
saltar diretamente para os demais, o que se deve à sua vantajosa posição geopolítica.


A África, no decorrer da História, foi a região do mundo onde sempre se cevaram os povos ditos
mais civilizados. Suas riquezas exploradas à exaustão pelos dominadores e seus filhos escravizados
davam um parâmetro preciso do desprezo que os povos mais fortes têm pelos mais fracos. O norte
daquele continente, em épocas da antigüidade clássica, já havia sido conquistado pelos romanos e,
no século VII da era cristã, os árabes subjugaram-no até as praias do Atlântico, para "exterminar as
nações que reconhecem outros deuses",16 nas palavras do general árabe Akba, que, no reinado do

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