IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Foi, por conseguinte, no lastro histórico que firmei minha opinião; é interessante, por isso, sentir-
lhe a consistência.


Os dois povos, conforme ensina a tradição bíblica, descendem de Ismael e Isaac, filhos do
patriarca hebreu Abrahão - pertencendo, portanto, ao grupo étnico semita. Ismael, levado por sua
mãe - a escrava Agar - expulsa para o deserto, ali se fixou e foi o genitor das tribos beduínas que
evoluíram, na seqüência dos séculos, para as atuais nações árabes. Maomé - o profeta-, segundo os
ismaelitas, era de sua estirpe. Isaac foi o pai de Israel, cujos filhos fundaram as 12 tribos judaicas.
Têm, conseqüentemente, o mesmo tronco genético.


Estas nações nunca contestaram esta versão; ao contrário, aceitaram-na bem.

Os árabes, unidos pela religião, lançaram-se na Guerra Santa e sua expansão foi rápida, a partir
da morte do profeta em 632. Suas conquistas estenderam-se pela Ásia, África e Europa, onde foram
detidos pelos bizantinos na batalha do Corno de Ouro e por Carlos Martel, na planície de Poitiers.
Sua permanência na península Ibérica durou quase oito séculos, que terminaram com a queda de
Granada e a frase fatalista de Boabdil - "Estava escrito!".


No Oriente, porém, seu poder feneceu depressa e os turcos os substituíram nos domínios das
terras conquistadas.


A influência da cultura islamita nos países ocupados foi extraordinária, sendo inegável o
florescimento do comércio, o impulso econômico e as valiosas contribuições à arte e à ciência, com
que os muçulmanos marcaram sua passagem no Ocidente europeu.


Hoje, os árabes, orgulhosos de seu passado e voltados para um futuro de progresso, travam - por
uma fatalidade histórica - encarniçada luta contra os judeus pela posse da Palestina, que ambos
reivindicam como sua legítima pátria.


A trajetória dos judeus, através dos tempos, entretanto, foi de lutas, padecimentos e
perseguições, na busca constante de uma terra que os acolhesse e lhes permitisse viver em paz e
liberdade.


Da Caldéia subiram a Canaã, de onde, em época de terrível crise alimentar, emigraram para o
Egito. No século XVI antes de Cristo, uma onda de nacionalismo egípcio submeteu-os, praticamente,
à escravidão e, tratando-os com extrema crueldade, forçou-os ao Êxodo. A reconquista de Canaã,
coroando penosa marcha de 40 anos pelas areias do deserto, levou-os, de novo, à Palestina. Tiveram
alguns séculos de relativa estabilidade, mas logo surgiu o cisma. Suportaram a conquista assíria, o
cativeiro da Babilônia e outras dominações estrangeiras. Em 70, da era vulgar, a civilização romana
incendiou e destruiu Jerusalém, registrando-se, ali, um episódio magnífico de fé e sacrifício, em que
morreram um milhão e quinhentos mil judeus, que acorreram de todas as partes para defender a
cidade, e, também, na resistência desesperada do reduto de Masada, na qual todos sucumbiram. O
imperador Adriano, no ano 135, reprimindo uma revolta de fundo religioso, fez trucidar meio milhão

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