IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

onstituiu, nos primeiros tempos revolucionários, uma manifestação de salutar
confraternização o oferecimento de um almoço ao Presidente da República pelos oficiais-generais
das três Forças Armadas. Era uma demonstração pública de união dos chefes militares, em apoio ao
chefe da Nação, representante da Revolução de 1964. A época propícia e sempre escolhida era a dos
festejos natalinos, quando todos os espíritos cristãos estavam voltados para a compreensão e a
fraternidade.


Não posso precisar se esta homenagem verificou-se sem solução de continuidade durante os
governos da Revolução, no entanto, por considerá-la de alto sentido consolidativo da coesão militar
e de afirmação da autoridade revolucionária do presidente, decidi realizá-la todos os anos.
Convidava para isto mais de cem almirantes, generais e brigadeiros que compareciam ao salão de
recepção do Quartel-General do Exército, fraternalmente unidos pelo mesmo sentimento patriótico de
assegurar a marcha revolucionária para o engrandecimento do Brasil, preservando-o da
contaminação das doutrinas totalitárias que, sob os mais variados subterfúgios semânticos,
encadernam-se de democráticas.


Em todos os meus discursos procurei, sistematicamente, fortalecer a autoridade do Presidente da
República, sopitando as minhas desconfianças de que não era sincero em suas manifestações
públicas e de que enveredara por caminhos da chamada "esquerda ideológica". Os atos de seu
governo, dos quais discordara, impeliam-me a assim pensar e, posteriormente, uma declaração que
me fez, em maio de 1977, extinguiu dúvidas persistentes quanto àquela tendência.


Atribuía-lhe a responsabilidade de chefe da Revolução, cujos propósitos renovadores e
saneadores cabia executar, por ser o comandante supremo das Forças Armadas, que a fizeram e o
colocaram no poder para dirigi-la.


Acalentava a esperança de que o presidente, sendo um militar, em face daquelas provas de
apreço, prestadas pelas Forças singulares em conjunto, sentir-se-ia a elas mais ligado, auscultando-
as nos momentos difíceis da vida nacional sobre as graves decisões a tomar. Na realidade e em rude
franqueza, ele nada mais era do que um delegado das Forças Armadas, porquanto não fora eleito pelo
povo.


Incidia eu, todavia, em lamentável equívoco. O general Ernesto Geisel tinha idéias próprias
sobre a condução dos destinos do Brasil, nem todas cabíveis no pensamento revolucionário. Só

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