continuasse na ativa? Que eu iria torcer a orelha sem sair sangue...?
Sacudiu a cabeça, afirmativamente, esperando, talvez, fosse ouvir referência a caso concreto que
justificasse aquele conceito. Sem interrupção, acrescentei:
- Entretanto, disseram-me que o senhor havia mandado o coronel França a São Paulo dizer ao
general Ariel que não acreditasse em informações de que não gostava dele, nem pedisse reforma,
porque seria promovido a general-de-exército. - Quem lhe disse isso?, foi a rápida pergunta do presidente.
- Foi o próprio general Ariel.
- Mas... ele não tinha o direito de usar isso...
Confirmava-se, assim, o que dissera o general Ariel.
Era esse o chefe pelo qual eu enfrentara uma reação na saída do general D'Ávila Mello e que
acabara de apoiar, irrestritamente, na última reunião do Alto Comando do Exército. Se eu tivesse
dito ao general Ariel algo sobre os comentários tecidos a seu respeito pelo general Geisel, teria
passado por intrigante.
As angústias dos interessados em imediatas promoções exigiam um sedativo que foi encontrado
na proposta presidencial, alterando dispositivo da Lei de Promoções dos Oficiais da Ativa das
Forças Armadas, o que foi conseguido em 23 de setembro de 1976.
Sobre este assunto já me estendi à saciedade e dispenso-me de a ele retornar.
A técnica aconselhada para um acesso rápido consiste na abertura de claros dos postos
superiores, através de artifícios legais, que se traduzem, na prática, por agregações, preterições que
forçam a transferência para a reserva e manobras diversas, ora retardando a abertura de vagas, ora
apressando-as. A lei de 23 de setembro ampliou estas possibilidades, assertiva que, ao simples
exame do Almanaque do Exército, ficará comprovada.
O general Ernesto Geisel usou bem estes artifícios!
Em novembro de 1976, elaborou-se pela primeira vez a lista de escolha de conformidade com a
nova lei. Existindo duas vagas de general-de-exército, seriam apresentados ao presidente cinco
nomes. Eram eles os generais-de-divisão Carlos Alberto Cabral Ribeiro; José Pinto de Araújo
Rabello; Cesar Montagna de Souza; Edmundo da Costa Neves e Arnaldo José Luiz Calderari.
O presidente Geisel, por motivos que procurava esconder sob termos vagos, não gostava do
general-de-divisão Carlos Alberto Cabral Ribeiro. Em época anterior, nas apreciações de caráter
geral que costumava fazer sobre os generais, já revelara esta antipatia. Dissera-lhe, então, do