As promoções a general-de-divisão não transcorreram, em março de 1977, sem reações, como
era de esperar em vista do quadro anterior descrito. Transferido para a reserva o general-de-brigada
Milton Pedro de Carvalho, ocupou o número um da relação de antigüidade o general-de-brigada
Darcy Jardim de Mattos, amigo íntimo do atual Presidente da República, que fora um dos
responsáveis por sua promoção àquele posto, e irmão do tenente-brigadeiro Délio Jardim de Mattos,
hoje Ministro da Aeronáutica.
O general Darcy, por motivos profissionais, fora ultrapassado na lista de escolha anterior e o
Alto Comando retirara-o desta lista na reunião de março.
Era publicamente o candidato do palácio do Planalto, tendo constado, na época, que o próprio
general Figueiredo lhe assegurara a promoção.
Enviei o resultado, como era de praxe, ao Presidente da República, antes de difundi-lo à
imprensa.
O meu Chefe-de-Gabinete, general-de-divisão Bento José Bandeira de Mello, mostrara-se
bastante apreensivo com a minha plena aquiescência à decisão tomada. Justificava sua preocupação
com os fatos anteriores, nos quais ficara evidente o interesse político do presidente Geisel em
promover aquele general.
Remetido o documento, continuamos no desempenho de nossas tarefas correntes quando o
general Bento foi chamado ao telefone pelo general Hugo Abreu, Chefe da Casa Militar, de quem é
colega de turma. Olhou-me de modo significativo e, pronunciando um "não disse"..., foi atender o
telefonema. Voltou, todavia, com a fisionomia descontraída e alegre para confidenciar-me:
- O Hugo disse-me que o presidente ficou satisfeito com o resultado, declarando que o Alto
Comando o livrara da dificil situação de promover um general que não tem mérito profissional.
(O sentido da expressão foi este, contudo, recordo-me bem de que "mérito profissional" foi
traduzido de outra forma - por uma locução pejorativa.)
A exclusão do nome do general Darcy da lista de escolha causou violento choque nos homens da
assessoria presidencial, mas não ao presidente, como já mencionei. Os boatos, numa cidade que
deles se alimenta, foram fartos e para todos os paladares. As informações oficiais - do CIE -
confirmavam-nos. O ministro sofreu a carga da responsabilidade integral da decisão do Alto
Comando e nunca se eximiu dela. Cabia-lhe o dever moral e funcional de selecionar chefes, missão
que sempre cumpriu, rigorosamente, com os olhos fitos no futuro dessa magnífica instituição que é o
nosso Exército e nunca voltados para objetivos políticos.
Conforme notícias persistentes, o general João Figueiredo e o tenente-brigadeiro Délio estavam
indignados. O primeiro por ter sido alijado da promoção um amigo seu e o segundo por admitir como
uma desconsideração do Alto Comando do Exército a atitude de preterir seu irmão. Embora nenhum