IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

exclamaram:



  • Mas... O general Calderari!


Esta frase de insopitável surpresa - declaração uníssona num momento de angústia - relembra
outra historicamente famosa, proferida com amargor pelo célebre general romano Júlio César, ao
cair ensangüentado aos pés da estátua de Pompeu, no Senado de Roma;



  • Tu quoque Brutus... (Tu também Brutus...)


Essa aversão aos generais que participaram do complot Geisel e compareceram lépidos ao
palácio do Planalto, num movimento de insubordinação sem precedentes no nosso Exército, fez-se
sentir, logo após a minha demissão, com certa intensidade. Comentários inconvenientes eram, e são
ainda, ouvidos sobre a pusilanimidade dos chefes que se esconderam para não atender ao chamado
do ministro, realçando que todos, ou quase todos, tiveram pagamento em compensadoras comissões.


Cartas, lamentavelmente apócrifas, distribuídas em profusão pelos Correios, difundiam os
censuráveis comportamentos que tiveram, conhecidos apenas em restritos círculos e mantidos sob
sigilo por imperativos éticos e disciplinares.


Tal procedimento, condenável por pernicioso à instituição, levava ao descrédito os generais;
todavia, é justo reconhecer que a lassidão disciplinar alastrou-se à sombra dos exemplos dos maus
chefes, mais apegados aos seus interesses do que devotados ao Exército. Lassos no cumprimento de
seus deveres, tolerantes em decorrência, vão aos poucos transformando soldados em burocratas, de
olhos pregados nos relógios, ansiosos pelo término das tarefas de quartel.


Esquecem-se que o lídimo militar tem uma Mística que é a crença arraigada na GRANDEZA DA
PÁTRIA, da qual o Exército é um dos fiadores perante a Nação.


Olvidam, ainda, que um grande exército terá de possuir grandes chefes, pois são valores
interdependentes. É verdade irrefutável que velho provérbio sírio confirma: "O chefe de um bando
de gansos é um ganso e o chefe de uma manada de búfalos é um búfalo."


Generais do complot Geisel, depois dos acontecimentos de 12 de outubro de 1977, começaram a
receber, por certo tempo, envelopes com "penas brancas'; correspondência que visava a acusá-los de
traidores.


Tais mensagens, para os que desconhecem a significação de "penas brancas'; exigem uma
explicação.'


Esta distribuição não pode ser negada, visto que colegas meus assistiram ao recebimento de uma
destas cartas, que irritou bastante o destinatário.


Outra reação, através desse processo postal, constituiu no envio aos oficiais que, tendo
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