embora dissesse conhecer alguns generais, em particular o general Sylvio Frota, de quem era amigo
há bastante tempo.
Não posso precisar se foi nessa mesma conversa ou em ocasião posterior que o deputado
Franciscato voltou a abordar o assunto, declarando-lhe, então, que o general Figueiredo desejava
"acertar os ponteiros com o general Frota" (frase textual), propondo para isto um encontro em São
Paulo, em lugar protegido, sob absoluto sigilo. Sugeria que o general Frota fosse àquela cidade,
incógnito, não devendo ter preocupações com despesas - de transporte e breve instalação -, que lhe
seriam poupadas.
Indaguei, de imediato, de Barbieri o que havia respondido. Esclareceu que em face da insistência
do deputado, concordara em servir, apenas, de intermediário no convite, não se manifestando sobre
qualquer de seus aspectos.
Não hesitei na resposta: "Diga ao deputado que não acredito no general Figueiredo e, por isso,
não confiaria no que ele me dissesse; quanto ao convite para ir incógnito etc., eu não me julgo tão
ingênuo para aceitar uma proposta ardilosa dessas."
Não sei se o Barbieri transmitiu o recado, contudo, foi dado.
Li, pouco tempo depois, o comparecimento de Barbieri a uma audiência que lhe concedera o
general Figueiredo.
Visitando-me Carlo Barbieri, em 5 de setembro de 1978, narrou-me essa entrevista da qual faço,
a seguir, uma síntese, realçando os pontos mais interessantes do pensamento do então candidato
oficial a Presidente da República:
- Inicialmente, Barbieri disse ao general Figueiredo que era amigo do general Frota, a quem
admirava e considerava um grande general. - O general Figueiredo retrucou que, também, o era, não sabendo por que o Frota era contra ele.
Mandara avisar-me pelo general Walter Pires que não tratasse com o presidente de dois assuntos
sobre os quais Geisel não gostava de falar, mas não os mencionou. (Não recebi essas informações,
desconheço, por isso, a que se referia.)
O general disse ainda que me admirava muito.
- Prontamente, Barbieri replicou que ao general Frota sobravam razões para assim proceder,
pois ele Figueiredo tinha sido cúmplice no "golpe" que o tirara do Ministério, e seu único
beneficiário. - Negou o general Figueiredo que tivesse participado do "golpe , mas admitiu que sabia e
mantivera-se alheio.