IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1
A opção extralegal, única restante, por amoral e destituída de respaldo militar, foi desprezada.

No passado, a Constituição de 1937, do Estado Novo, e mais recentemente as emendas
constitucionais de 13 e 14 de abril de 1977 - Pacote de abril - são exemplos de atos legais, em face
do estado de exceção vigorante no país, porém absolutamente ilegítimos, uma vez que não tiveram a
homologação popular. Tal sanção, obrigatória já em milenares democracias, por sua
imprescindibilidade é lembrada em primo loco pelos legisladores de nossa Lei Básica, no parágrafo
primeiro do seu artigo inicial: "Todo poder emana do povo e em seu nome é exercido."


A administração de João Goulart foi uma triste e vergonhosa página de nossa história
republicana. Corrupção, comunismo, negociatas escandalosas e desvios de recursos públicos para
associações sindicalistas espúrias compunham o quadro de degradação moral do país.


O Exército não escapou a essa deterioração. Houve "generais do povo" metidos em sindicatos,
auscultando pelegos e abraçando-os efusivamente. A disciplina debilitou-se a tal ponto que os
graduados queriam usufruir de situações especiais, participar de decisões de seus superiores
hierárquicos e não sofrer punições. Os generais do famoso esquema Goulart, em suas visitas de
inspeção, procuravam sempre falar aos sargentos, quebrando uma norma disciplinar rígida ao
perguntarlhes se tinham reivindicações que desejassem ser atendidas, ultrapassando, assim, os
comandos convencionais presentes.


Em Brasília ocorre a revolta dos sargentos, pretextada na decisão do Supremo Tribunal Federal
de negar elegibilidade aos representantes de sua classe. Vem depois a reunião dos sargentos no
Automóvel Clube do Brasil, engendrada pelos assessores esquerdistas do presidente que,
autorizando-a, acumpliciou-se à nefanda tarefa dos marxistas na desmoralização definitiva dos chefes
militares e na divisão das Forças Armadas.


Esgotaram-se as reservas de paciência e as correntes democráticas reconheceram inócuos os
meios pacíficos que vinham empregando para debelar a ameaça comunista em acelerada
concretização.


Sobrevém, então, o Golpe Militar de 1964, que na realidade jamais foi uma revolução, podendo
ser considerado, no máximo de condescendência, uma contra-revolução, porquanto revolução era a
que, naqueles aflitivos momentos, planejada solertemente pelos marxistas, pendia sobre a
Democracia, como a espada de Dâmocles.


Os governos de Juscelino Kubitschek e João Goulart, perniciosos à ordem moral,
condescenderam com a corrupção em todas as suas modalidades; estimularam padrões negativos do
proceder humano, tais como a lisonja e a subserviência; favoreceram de modo acintoso e descabido
a parentes, amigos e correligionários seus, num nepotismo despudorado, criando uma mentalidade
oportunista e epicurista, que os esbanjamentos de recursos e sonhos de obras faraônicas encorajavam
e sustentavam, mas a parte sadia da população repelia e não justificava.

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