Aero Magazine - Edição 309 (2020-02)

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MAGAZINE 309 | (^67)
A EXPECTATIVA É QUE
O 777-9 SE TORNE EM
ALGUNS MESES O MAIOR
AVIÃO DA BOEING,
CASO SE CONFIRME O
ENCERRAMENTO DA LINHA
DE PRODUÇÃO DO 747-8
do sem escalas. Já o Boeing 777-9,
de maior capacidade, apresenta-
-se como um substituto natural
para o quadrimotor 747-8, que
não teve sucesso no mercado de
passageiros devido ao alto custo
operacional.
Ao ser anunciada no início
dos anos 2010, a série 777X pro-
metia repetir o sucesso de vendas
do 787, somando ao menos 1.000
encomendas firmes e batendo de
frente com o A350. O mercado,
entretanto, mostrou-se reticente
aos novos aviões – somadas, as
duas versões contabilizam hoje
poucomaisde 300 pedidos,
nemtodosfirmes.Oprincipal
clientecontinuasendoa Emirates
Airline,com 115 encomendas.A
Lufthansa, que deve ser a primeira
empresa a receber um 777-9, já
colocou 20 pedidos e pode, no
médio prazo, usá-lo para substi-
tuir sua frota de 747-8 e, eventual-
mente, os A380.
Bem mais preocupante é a
situação da versão de longo al-
cance 777-8, com a qual a Boeing
estimava obter ao menos 40%
das encomendas. Sem ter ainda
o desenvolvimento confirmado,
o projeto segue em stand-by. A
falta de interesse do mercado,
que continua dando preferência
à consagrada família 787, deixa
dúvidas em relação à viabilidade
desse modelo.
CRONOGRAMA
A Boeing realizou o rollout do
777-9 no dia 13 de março de
2019, três dias após o acidente
com o 737 MAX 8 da Ethiopian
Airlines – o que obrigou o fabri-
cante a organizar uma cerimônia
sem grandes espetáculos ou
comemorações. Para tornar a
situação mais delicada, no mês
de maio, uma falha nos motores
GE9X levou ao primeiro atraso
no cronograma do primeiro
voo. Novo revés aconteceu em
seguida, decorrente de uma falha
catastrófica numa das aeronaves
destinadas aos ensaios estáticos.
Os diversos problemas que
atingiram a Boeing no último ano
também afetaram o programa.
Não apenas comprometeram o seu
desenvolvimento, como lança-
ramsombrasemrelaçãoà sua
qualidade.OCEOdaEmirates,
TimClark, em entrevista durante
o Dubai Air Show, afirmou que
esperava o “inferno na terra”,
cobrando rigor durante a fase de
certificação do 777-9. A descon-
fiança veio na esteira dos escân-
dalos envolvendo o 737 MAX e a
polêmica relação da Boeing com

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