Sexta-feira,13demarçode2020|Valor| 15
primeirosemestredemandato,
reuniãoplenáriadaComissão
Sino-BrasileiradeAltoNívelde
ConcertaçãoeCooperação(Cosban),
oprincipalmecanismodediálogo
entreosgovernosbrasileiroechinês.
Não há, na históriarecente
do Brasil,ano específico com
saldotão positivode resultados
concretosno relacionamentocom a
China:à reuniãoda Cosban
seguiram-se, no segundo semestre,
duasvisitaspresidenciais—ado
Brasila Pequim,em outubro, e a da
Chinaa Brasília,em novembro, à
margemda cúpulados Brics.
A sessãoda Cosban, que não se
reuniadesde2015,reiterou,
previamente à visitado presidente
Jair Bolsonaro, a necessidadede
incrementare diversificar as nossas
exportaçõesà China,excessivamente
concentradas em três produtos
primários(soja,minériode ferroe
petróleo),bem comosalientouo
interessede ampliaras vendas,ao
mercadochinês,de produtos
agropecuários,em paraleloa um
forteinteresse, por partedo
governobrasileiro, na promoção do
aumentodos investimentos
recíprocos,sempreem estrito
respeitoao nossointeressenacional
e marcolegislativo.
Osaldodasvisitaspresidenciaisde
ladoaladofoi,àparteadeclaração
conjuntaemtelaeoscompromissos
nelaassumidos,aconclusãodeum
planodeaçãobilateralnaáreada
agricultura(2019-2023)edeum
acordoparareconhecimentomútuo
(Arm)deoperadoreseconômicos
autorizados(medidade
desburocratizaçãoefacilitadorado
comércioentreambosospaíses),entre
outrosinstrumentosdecooperação.
Emdesenvolvimentoparalelo,a
Chinahabilitou,aolongode2019,
25estabelecimentosbrasileiros
produtoresdecarne—comdestaque
paracarnebovina—aexportarparao
seumercado.Osetordecarnesdo
Brasilaumentou,em2019,em80%
suasvendasàChina:deUS$2,
bilhõesparaUS$4,5bilhões.
Abuscadediversificaçãodapauta
exportadorabrasileiranãoselimita,
cabefrisar,aorelacionamentocoma
China.Arealizaçãodeacordos
comerciaiscomgrandesatores
externoscomoaUniãoEuropeiaea
AssociaçãoEuropeiadeLivre
Comércio,Efta(ambosemfasede
revisãojurídicaapósafinalizaçãodas
negociações),bemcomoastratativas
emcursocomCanadáeCoreiadoSul
eostrabalhosparaampliaçãodo
acordopreferencialcomaÍndia
constituemaspectosfundamentais
danovapolíticaexternabrasileira.
A expectativa de redução do
crescimentoeconômicochinês neste
ano, em decorrênciade fatores
extemporâneoscomoo surto
correntede covid-19,tem levado
articulistasem veículosde imprensa
de renomeinternacional—como o
“Le Figaro”francês,o “Handelsblatt”
alemãoe o “The New York Times”,
entreoutros—acolocarem
discussãoa dependênciaexcessivade
diversaseconomiasnacionais em
relaçãoao mercadoconsumidorde
um único país, na contracorrentedas
opiniõesexpressaspor PhilipYang
em seu artigo.
AaproximaçãodoBrasilaos
EstadosUnidoseoadensamentode
nossoslaçoseconômicos—bem
comopolíticoseculturais—coma
Chinafazempartedeumamesma
estratégia,semprereiteradapelo
chancelerErnestoAraújoecujos
elementoscentraiscabereforçar:
inserçãodoBrasilnascadeiasglobais
devalor,aberturaeconômica,
remoçãodeentravesaocomércioe
barreirasàconcorrência,atraçãode
investimentosprodutivos;liberdade
efacilitaçãodenegóciospelaviada
desburocratização.
Oobjetivodessecursodeaçãoéa
prosperidadedocidadãocomum,
exasperadoapósdécadasdeensaios
malsucedidosdepolíticaexternavia
deregravoltadosparaum
distanciamentodoprincipalator
hegemônico—osEstadosUnidos—
quesólegaramaoBrasildecepçõese
fracassosemtermosdecrescimento
econômicosustentado.
AlbertoCoelhoFonsecaé diplomatae
chefe daassessoria degestãoestratégica
dogabinete doministrodasRelações
Exteriores.■
NELSONPROVAZI